‘Reverendo Amilton foi determinante para aproximar Davati de Bolsonaro’, diz Cristiano Carvalho; veja como foi
Em depoimento à CPI da Covid-19, representante da empresa também afirmou que Luiz Paulo Dominguetti o procurou para negociar vacina com o Ministério da Saúde
A CPI da Covid-19 ouviu, nesta quinta-feira, 15, o diretor-presidente da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho. A empresa ofertou 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca ao Ministério da Saúde e está na mira da comissão em razão de um suposto pedido de propina de US$ 1 por dose, que teria sido feito pelo ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, exonerado do cargo no dia 30 de junho, em um restaurante de Brasília no dia 25 de fevereiro. A denúncia foi feita pelo cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, que se apresentou como representante da Davati, ao jornal Folha de S. Paulo – a informação foi confirmada aos senadores. Carvalho chega ao depoimento amparado por um habeas corpus, concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que lhe permite ficar em silêncio em questões que o autoincriminem. Na terça-feira, 13, Fux destacou que cabe ao depoente analisar o que pode ou não incriminá-lo. No entanto, caberá à CPI avaliar se a testemunha abusa deste direito. Neste caso, o colegiado pode aplicar as devidas medidas legais, como a prisão, por exemplo. Veja como foi a sessão:
16:47 – Sessão é encerrada
O último depoimento da CPI da Covid-19 antes do recesso parlamentar está encerrado. A próxima sessão ocorrerá no dia 3 de agosto. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), leu ontem o requerimento de prorrogação de 90 dias. Com isso, a comissão irá funcionar até meados de novembro.
16:32 – ‘CPI vem mostrar ao povo brasileiro que a culpa é do governo federal, sim’, diz Zenaide Maia
A senadora Zenaide Maia (PROS-RN), representante da bancada feminina, disse que a CPI da Covid-19 está mostrando “ao povo brasileiro que a culpa” pelas mais de 530 mil mortes “é do governo federal, sim”. “O Ministério da Saúde precisa usar empresas intermediárias para comprar vacinas? Não tem como esconder isso. Enquanto estavam tentando negociar vacinas, as pessoas estavam morrendo. Não tem como negar o envolvimento do alto escalão do ministério da saúde nisso. Não é a CPI que condenou mais de meio milhão de brasileiros à morte. São culpados, sim. Não venha me dizer que o Ministério da Saúde não sabia. O presidente também foi comunicado. A CPI vem mostrar ao povo brasileiro que a culpa é do governo federal, sim. É do senhor presidente”, afirmou.
15:59 – Reverendo Amilton foi ‘determinante’ para aproximar Davati de Bolsonaro
Cristiano Carvalho disse, há pouco, que o reverendo Amilton Gomes de Paula, diretor da Secretaria de Assuntos Humanitários (Senah) foi “determinante” para aproximar a Davati Medical Supply do presidente Jair Bolsonaro. “Os primeiros contatos com o Ministério da Saúde se iniciaram através do reverendo Amilton, da Senah, em meados do mês de fevereiro. O [coronel] Marcelo Blanco tentou que a coisa acontecesse o mais rápido possível”, disse Carvalho. Blanco foi assessor de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de logística da pasta. Questionado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), ele acrescentou: “Sim, ele [Amilton] foi determinante. Ele sempre foi muito bem relacionado. Ainda é. Sempre tratou em caráter humanitário a questão das vacinas e sempre teve acesso muito grande a todas as pessoas e, inclusive, chegando ao secretário Elcio Franco”.
15:35 – Ministério da Saúde estava dividido em dois núcleos que brigavam por negociações e negociatas, diz senadora
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), líder da bancada feminina, disse que havia no Ministério da Saúde dois núcleos, um político e outro militar, que brigavam por negociações e negociatas em meio à pandemia do novo coronavírus. “O atraso na compra das vacinas tinha outro interesse, não apenas o negacionismo”, afirmou a emedebista.
15:20 – Senador Heinze fala em ‘tratamento precoce’ mesmo após Ministério da Saúde atestar ineficácia de medicamentos
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), governista, utilizou seu tempo de fala para defender o chamado “tratamento precoce”, mesmo após o Ministério da Saúde ter atestado a ineficácia de alguns medicamentos do “kit Covid”, como cloroquina e hidroxicloroquina.
14:48 – Depoimento é retomado
Fala, agora, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
14:19 – Sessão é suspensa
Depoimento de Cristiano Carvalho será retomado em 30 minutos.
14:15 – ‘Instituto Força Brasil foi braço para chegar a Elcio Franco’, disse Cristiano Carvalho
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), listou uma série de nomes de pessoas e empresas envolvidas na negociação entre o governo federal e a Davati Medical Supply e pediu para que Cristiano Carvalho explicasse a função exercida durante o procedimento. Questionado sobre o Instituto Força Brasil, o depoente desta quinta-feira, 15, afirmou que o órgão “foi o braço para chegar a Elcio Franco”, que ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello.
13:57 – ‘CPI está dando palco para história da carochinha’, diz governista
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) utilizou o seu tempo de fala para relativizar o que chamou de “supostas revelações da CPI”, que, em sua avaliação, está dando “palco para história da carochinha”. Governista, o parlamentar omitiu o fato de os representantes da Davati Medical Supply terem se reunido com o alto escalão do Ministério da Saúde para tratar da compra de vacinas da AstraZeneca.
13:36 – Cristiano Carvalho invoca o direito de ficar em silêncio em pergunta sobre auxílio emergencial
O representante da Davati no Brasil invocou o direito de permanecer em silêncio e se recusou a responder ao senador Marcos Rogério (DEM-RO) sobre quem fez o pedido de pagamento do auxílio emergencial para ele. Mais cedo, Cristiano Carvalho afirmou que seu nome foi cadastrado para receber o benefício porque estava passando por dificuldades financeiras.
13:02 – Tratativas com o Ministério da Saúde tinham ‘dois caminhos’, diz Cristiano
Cristiano Carvalho afirmou que a venda dos 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca tinha dois caminhos dentro do Ministério da Saúde. “Um via Elcio Franco e outro via Roberto Dias. Um não sabia do outro”, disse o representante da Davati. O depoente acrescentou que as tratativas intermediadas pelo ex-diretor de logística não evoluíram em razão do pedido de propina “para o grupo do Blanco”, “para o grupo do Odilon”. “Paralelamente, foram falar diretamente com Elcio Franco, por intermédio do Força Brasil, para driblar esse ‘comissionamento'”, seguiu.
12:47 – Ricardo Barros pede para ser ouvido nesta sexta-feira
Líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR) foi ao Twitter pedir, mais uma vez, para ser ouvido na CPI da Covid-19 nesta sexta-feira, 16. “Ontem a CPI citou meu nome mais 13 vezes, e hoje mais algumas. Portanto, já passam de 110 vezes. Todos os depoentes, quando questionados, negaram meu envolvimento. Peço aos senadores da CPI que me ouçam amanhã, último dia antes do recesso. Tenho direito a defesa da minha honra”, disse. Não haverá sessão nesta sexta-feira.
12:43 – Elcio Franco desconhecia negociação com Roberto Dias, afirma depoente
Cristiano Carvalho afirmou que o coronel Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, desconhecia a negociação feita entre a Davati e Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de logística da pasta. No dia 12 de março, Carvalho esteve em Brasília para um reunião no ministério. “No dia 12, quando estive com Elcio, eu disse que estávamos em tratativa com o Roberto Dias. O coronel Elcio desconhecia. O coronel Boechat e o coronel Pires estavam no mesmo ambiente, um olhou para o outro e ficaram com cara de paisagem”, relatou. Neste encontro, o representante da Davati já sabia do pedido de propina que teria sido feito por Roberto Dias.
12:32 – ‘Partiu CPI’, disse Dominguetti a Cristiano Carvalho
Cristiano Carvalho afirma que Luiz Paulo Dominguetti enviou uma mensagem a ele antes de embarcar para Brasília, onde prestaria depoimento. “Partiu CPI”, escreveu o cabo da PM de Minas.
12:00 – Cristiano Carvalho: ‘Reverendo Amilton fazia a interlocução com o governo’
Representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho disse acreditar que o reverendo Amilton Gomes de Paula era o responsável pela interlocução com o governo Bolsonaro. “Não consigo acreditar que um cabo da Polícia Militar consiga chegar aos mais altos escalões da República”, disse, em referência a Luiz Paulo Dominguetti.
11:43 – ‘Não se pode passar a mão na cabeça de uma pessoa que brincou de negociar vacina fantasma’, diz Omar Aziz
Depois de o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), dizer que estava “constrangido” com o teor das mensagens reveladas à CPI da Covid-19 por Cristiano Carvalho, Omar Aziz (PSD-AM) reagiu: “Senador Fernando, o senhor poderia me informar por que o Elcio Franco ainda está no Palácio do Planalto? Está lá fazendo o que? Nós também nos sentimos constrangidos. Me desculpe, mas o Elcio franco está dentro do gabinete do presidente, falando pelo governo, mentindo. Não vamos discutir se tinha vacina ou se tinha propina. Estamos discutindo que o secretário-executivo era o único responsável pela tratativa de vacina. Que a Davati não tem uma vacina para vender, já sabemos. Não podemos fazer de conta que nada acontece. O coronel Elcio Franco está no gabinete do presidente. Eu, sinceramente, acho que você, como líder do governo, sugiro, para o bem do país, um cidadão como o coronel Elcio Franco não pode estar na antessala do presidente. Você não pode passar a mão na cabeça de uma pessoa que brincou com a vida das pessoas negociando vacina fantasma, com indício forte de que houve pedido de benefício. Esse mesmo coronel se negou a falar com a Pfizer. O governo não quis comprar vacina da pfizer a 10 dólares, mas quis comprar da covaxin a 15 dólares”.
A pergunta que não quer calar: o que o Coronel Élcio Franco ainda está fazendo dentro do gabinete do presidente da República, falando pelo governo? pic.twitter.com/rLC307XbG8
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) July 15, 2021
11:35 – Dono da Davati enviou proposta de vacinas da Janssen a Elcio Franco no dia 15 de março
Cristiano Carvalho leu, há pouco, um e-mail enviado pelo CEO da Davati, Herman Cardenas, uma nova proposta de oferta de imunizantes a Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde. Neste caso, o fornecedor seria outro: a Johnson & Johnson, responsável pela vacina da Janssen. Inicialmente, a Davati Medical Supply tentou vender vacinas da AstraZeneca.
11:17 – Cristiano relata mensagens de Roberto Dias, ex-diretor da Saúde
Cristiano Carvalho leu aos senadores mensagens enviadas por Roberto Ferreira Dias no dia 3 de fevereiro. Às 19h10, o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde se apresenta. Às 19h40, o aparelho registra uma ligação perdida. Um minuto depois, Dias escreve: “Aguardo seu contato”. Às 19h53, há outra ligação perdida. “Eu estava absolutamente incrédulo que o Ministério da Saúde estava me procurando”, diz Carvalho. “Pense numa coisa bonita”, disse, rindo, o senador Eduardo Braga (MDB-AM). “É o mais absoluto inverso do que ocorreu com a Pfizer”, acrescentou Renan Calheiros (MDB-AL).
11:07 – Pedido de propina partiu ‘do grupo do Blanco’, diz Carvalho
Cristiano Carvalho afirmou que Luiz Paulo Dominguetti ouviu um pedido de “comissionamento” do “grupo do Blanco”, em alusão ao tenente-coronel Marcelo Blanco. À CPI, Dominguetti afirmou que a vantagem indevida teria sido cobrada por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde.
11:05 – Cristiano Carvalho se reuniu com Dominguetti, Elcio Franco e reverendo no Ministério da Saúde
O representante da Davati no Brasil Cristiano Carvalho afirmou que foi levado por Luiz Paulo Dominguetti e pelo reverendo Amilton Gomes de Paulo ao Ministério da Saúde no dia 12 de março para uma reunião com o coronel Elcio Franco Filho, então secretário-executivo da pasta.
10:58 – ‘Bom dia, sou Dominguetti’, diz mensagem enviada a Cristiano Carvalho
Cristiano Carvalho afirmou que foi procurado por Luiz Paulo Dominguetti para negociar vacina. “Bom dia, sou Dominguetti”, diz a mensagem enviada pelo policial militar ao representante da Davati no dia 10 de fevereiro.
10:54 – Cristiano contradiz Dominguetti e diz que não era CEO da Davti
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) exibiu um trecho do depoimento de Luiz Paulo Dominguetti à CPI da Covid-19, no qual o policial militar de Minas Gerais afirma que Cristiano Carvalho era CEO da Davati no Brasil e teria solicitado a sua inclusão nas tratativas com o ministério da Saúde. “São declarações fantasiosas. Se criou um folclore sobre as pessoas envolvidas [nessa negociação]. Talvez ele não tenha feito por mal, mas não fez juízo próprio. Nunca me apresentei a ele como CEO da Davati. Ele sempre soube que eu era um vendedor da Davati no Brasil, como tantos outros que a empresa tem”, disse.
10:46 – Cristiano Carvalho nega ser funcionário da Davati e diz: ‘Só fazia a relação comercial entre o Brasil e os EUA’
Questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), Cristiano Carvalho afirmou que sua função na Davati era “ser um aproximador”. “[Eu era] Um mensageiro das informações que recebia dos Estados Unidos com os interessados no Brasil. Eu nunca enviei nenhuma proposta de preço, de compra e venda. Elas sempre foram enviadas através do escritório central da empresa. Eu só fazia a relação comercial entre o Brasil e os Estados Unidos.
10:42 – ‘Estou aqui de peito aberto para responder a todas as perguntas’, diz Cristiano
O representante da Davati no Brasil Cristiano Alberto Carvalho afirmou que está “de peito aberto para responder a todas as perguntas” relacionadas à oferta de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca ao Ministério da Saúde. “Estou aqui para tirar todas as dúvidas dos senadores e da opinião pública”, disse. “Atuei como vendedor, não tive cargo remunerado, não compactuei com pedido de propina ou qualquer coisa parecida”, acrescentou.
10:37 – Extensão de quebras de sigilo é aprovada
Depois de muita discussão, foi aprovada a extensão do prazo das quebras de sigilo a partir de 2018, para que seja estabelecida um comparativo entre o período pré-pandemia e durante a crise sanitária.
10:28 – Extensão das quebras de sigilo atingem Pazuello, Markinhos Show, Allan dos Santos, entre outros
A extensão das quebras de sigilo que já foram aprovadas atingem o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o seu ex-assessor na pasta Markinhos Show, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, a diretora técnica da Precisa Medicamentos Emanuela Medrades e o assessor especial da Presidência Tércio Arnaud.
10:21 – Senadores analisam extensão das quebras de sigilo já aprovadas
Os senadores analisam, agora, a extensão das quebras de sigilo fiscal já aprovadas pela CPI da Covid-19. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou requerimento pedindo que a transferência seja ampliadas a partir de 2018. Ele justifica que quer dados no período pré-pandemia para comparação. O governista Marcos Rogério (DEM-RO) reage e diz que medida é ilegal, genérica e sem fundamentos. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), alega que extensão foi uma orientação da Receita Federal.
10:05 – Sessão é aberta
O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), abriu os trabalhos desta quinta-feira, 15.
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