Bolsonaro era ‘centro decisório’ e ‘principal destinatário’ das ações da ‘Abin paralela’, diz relatório da PF

No documento final da investigação entregue ao STF, a PF afirma que o ex-presidente e Carlos Bolsonaro definiram as ‘diretrizes estratégicas’ do esquema e os alvos das ações clandestinas de arapongagem

  • Por da Redação
  • 18/06/2025 18h29 - Atualizado em 18/06/2025 18h45
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Bolsonaro diz na PF que fez Pix de R$ 2 milhões para Eduardo nos EUA e reclama de perseguição Bolsonaro não foi indiciado, pois já enfrenta um processo no STF relacionado a uma suposta trama golpista

Em relatório apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro era o “principal destinatário do produto das ações clandestinas e da instrumentalização da Abin”. “Ao tempo, dirigida por Alexandre Ramagem conforme se depreende das próprias anotações do então Diretor da Abin“, completa o documento. Apesar de sua implicação, Bolsonaro não foi indiciado, pois já enfrenta um processo no STF relacionado a uma suposta trama golpista. A decisão sobre eventuais novas acusações ficará a cargo da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A investigação teve início após a descoberta da aquisição de um sistema de espionagem pela agência, que visava monitorar alvos específicos. Os documentos encontrados com Ramagem continham referências diretas a Bolsonaro, com títulos como “Bom dia Presidente” e “PR Presidente”, evidenciando a conexão.

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A PF atribui ao ex-presidente e ao vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, o comando de uma organização que, segundo a corporação, usou a Abin para ataques às urnas eletrônicas, além da espionagem política. O vereador seria o “idealizador da inteligência paralela”, de acordo com a PF. A Polícia Federal afirma que ele “figura no cerne das ações delituosas” e era uma espécie de “direcionador das informações produzidas”.

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Ao todo, 36 pessoas foram indiciadas no caso. A Polícia Federal organiza a investigação em seis núcleos – político, comando e alta gestão, assessoria e execução de ações clandestinas, estrutura operacional de inteligência, produção e propagação de fake news e embaraçamento da investigação.

Bolsonaro e Carlos seriam o núcleo político. “Este núcleo é integrado por sujeitos que eram os principais e responsáveis pelas ações realizadas posto que figuravam como os beneficiários diretos das ilicitudes praticadas”, descreve a PF. O relatório afirma ainda que as ações clandestinas na Abin era voltadas à “proteção ao núcleo familiar” e “obtenção de vantagens de ordem política”. “As ações clandestinas, portanto, tinham seus produtos delituosos destinados ao interesse deste núcleo com ataques direcionados à adversários e ao sistema eleitoral dentre outros”, conclui a PF.

O relatório de 1.125 páginas é assinado pelo delegado Daniel Carvalho Brasil Nascimento, da Divisão de Operações de Inteligência Cibernética da Polícia Federal. O sigilo do documento foi levantado nesta quarta-feira (16), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator da investigação.

A Polícia Federal liga uma série de monitoramentos ilegais aos interesses do ex-presidente e de sua família. Os investigadores mencionam dossiês para tentar inferir em inquéritos contra o senador Flávio Bolsonaro, por suspeita de rachadinha, e o vereador Jair Renan, por indícios de tráfico de influência.

*Reportagem produzida com auxílio de IA e informações do Estadão Conteúdo

Publicado por Carol Santos

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