Bolsonaro prioriza eleição de aliados para o Congresso e deixa governadores em segundo plano
Presidente da República conta com reeleição de deputados da tropa de choque e estimula candidatura de ministros e ex-ministros, como Marcelo Queiroga, Gilson Machado e Ricardo Salles
Depois de acertar a sua filiação ao Partido Liberal (PL), o presidente Jair Bolsonaro agora trabalha para eleger o maior número possível de aliados para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, deixando em segundo plano a construção de candidaturas para os governos estaduais. A ideia é aumentar a base de apoio no Congresso Nacional e reduzir a dependência de outras legendas em um eventual segundo mandato. O foco na eleição para o Legislativo está no radar de Bolsonaro há alguns meses. Em agosto do ano passado, o presidente da República disse, em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, que tinha interesse “em uma bancada de deputado federal e de senadores”. À época, o chefe do Executivo federal ainda estava sem partido – a filiação ao PL foi acertada no dia 30 de novembro. “Caso dispute a eleição, tenho interesse em uma bancada de deputado federal e de senadores. Interessa governador? Interessa, mas ficaria em segundo plano. Até porque não consegui, até o momento, um partido para dizer que vamos disputar as eleições. O nosso compromisso é esse, deixo o governo do Estado para segundo plano”, afirmou.
Para o pleito de outubro deste ano, Bolsonaro conta com a reeleição de parlamentares eleitos em 2018 e que integram sua tropa de choque no Legislativo, como os deputados federais Carla Zambelli (SP), Eduardo Bolsonaro (SP), Carlos Jordy (RJ), Bia Kicis (DF), Major Vitor Hugo (GO) e Bibo Nunes (RS), por exemplo, mas também estimula candidaturas de ministros. “Em Pernambuco, por exemplo, um bom nome que tenho, não sei para que cargo, é o próprio Gilson Machado”, disse o mandatário do país em entrevista à TV Nova Nordeste, na quinta-feira, 6. Machado é cotado para disputar uma cadeira no Senado. Outro nome no radar é o do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O médico cardiologista já disse não ter “vocação para a política partidária”, mas o entorno presidencial trabalha para convencer o auxiliar a se lançar candidato pela Paraíba, seu Estado natal. Quem também deve brigar por uma vaga no Congresso é Ricardo Salles – o ex-ministro do Meio Ambiente retirou sua candidatura ao Senado, mas mira um mandato na Câmara dos Deputados.
Em paralelo, o Palácio do Planalto conta com a expansão das bancadas de partidos que integram a sua base de apoio no Legislativo. Como a Jovem Pan mostrou, as três principais legendas do Centrão – Republicanos, PL e PP – sonham alto e esperam eleger 160 deputados na próxima eleição. Atualmente, o bloco conta com 116 parlamentares. O PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson, trabalha para chegar a, pelo menos, 30 deputados federais. Neste cenário otimista, Bolsonaro teria 190 aliados na Câmara, número suficiente para barrar a abertura de um processo de impeachment. “Ter um governador alinhado ao governo federal é importante, mas nada é mais importante do que os votos do Congresso”, resume um interlocutor presidencial.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.