Bolsonaro se reúne com WhatsApp, que confirma lançamento de ‘megagrupos’ após eleições

Segundo o ministro Fabio Faria, a empresa esclareceu que a decisão sobre adiar o lançamento da ferramenta ‘Comunidades’ para depois do pleito deste ano não foi motivada pelo acordo com o TSE

  • Por Jovem Pan
  • 27/04/2022 12h11 - Atualizado em 27/04/2022 14h10
JOÃO GABRIEL RODRIGUES/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente Jair Bolsonaro O presidente Jair Bolsonaro havia questionado o adiamento do lançamento da ferramenta 'Comunidades' no Brasil em virtude de um acordo entre o WhatsApp e o TSE

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu na manhã desta quarta-feira, 27, com representantes do WhatsApp para conversar sobre o lançamento do “Comunidades” — uma funcionalidade permite que os usuários reúnam grupos relacionados a um mesmo tema em um só canal — no Brasil. A corporação fechou um acordo com o na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luís Roberto Barroso para que a ferramenta só seja lançada após o período eleitoral. O intuito é evitar que o aplicativo interfira no pleito como aconteceu nas eleições de 2018, quando a rede social foi usada para o disparo em massa de mensagens e para a disseminação de fake news. Um dia depois do anúncio, o chefe do Executivo afirmou que o atraso de atualizações no WhatsApp para depois do pleito é “inadmissível e inaceitável” e que o acordo não seria cumprido.

Após encontro de Bolsonaro com os representantes do WhatsApp, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, concedeu uma coletiva de imprensa. Segundo ele, a decisão sobre adiar o lançamento da nova função não foi motivada pelo acordo firmado com o TSE, mas por uma estratégia “global” da empresa. “Tivemos reunião agora com o presidente da República e representantes do WhatsApp e da Meta no Brasil para esclarecimentos do que foi amplamente veiculado na imprensa, nas redes sociais. E o WhatsApp deixou claro, a Meta também, que em nenhum momento atendeu pedido do TSE para que fosse feitas essas mudanças em relação às comunidades apenas após as eleições. Não houve, não ocorreu. Eles tomaram uma decisão global, olhando concorrentes, mercado mundial”, disse Faria. “Nada tem a ver com eleição, absolutamente nada. Eles apenas comunicaram ao TSE e comunicaram ao presidente da República”, explicou.

Faria esclareceu que o presidente Bolsonaro apenas se incomodou com a notícia porque entendeu que havia esse acordo com a Justiça Eleitoral. “Ele é contra a interferência do público no privado. Se tivesse sido um acordo, teria tido alguma interferência. Como não houve essa interferência, não tem mais o que o governo fazer. Se foi uma decisão global da empresa, o presidente respeita. Para ele, está resolvido o ponto”, afirmou. De acordo com o ministro, o “Comunidades” ainda não foi testado em nenhum país e só deve ser implantado mundialmente no segundo semestre ou último quadrimestre de 2022. “Eles falaram que vão fazer testes menores, de menor escala, no Brasil e em outros países. Esclareceram para o presidente da República, de forma muito clara, que eles têm um acordo com o TSE é de treinamento, de explicar a plataforma e, obviamente, deixaram claro que se tiver uma conta com a foto de um candidato com o número de outro, eles vão retirar. Estão preocupados com esse tipo de fake news que acontecem durante a eleição”, acrescentou.

Em nota, o WhatsApp afirmou que a reunião faz parte do “diálogo constante” que a empresa tenta manter com as autoridades dos países em que atua. “É importante ressaltar que a decisão sobre a data de lançamento deste recurso no Brasil foi tomada exclusivamente pela empresa, tendo em vista a confiabilidade do funcionamento do recurso e sua estratégia de negócios de longo prazo. Essa decisão não foi tomada a pedido nem por acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, esclareceu a corporação, confirmando a versão de Fabio Faria. A empresa disse que o memorando de entendimento com o TSE no início deste ano que incluiu um chatbot, um canal de denúncias para contas suspeitas de disparos massivos e treinamentos para a equipe da Justiça Eleitoral. “Entre outras plataformas digitais, a empresa também é signatária do Programa de Enfrentamento à Desinformação desde 2019. No entanto, nenhum desses acordos com o WhatsApp faz referência à funcionalidade Comunidades ou ao seu momento de lançamento, pois esse tipo de decisão cabe à empresa”, acrescentou. “Estamos no início do desenvolvimento de Comunidades para o aprimoramento do recurso antes de passar à etapa de lançamento global, o que não acontecerá por vários meses. Continuaremos a avaliar o momento exato para o lançamento da funcionalidade no Brasil e comunicaremos a data quando estiver definida. Reafirmamos que isso só acontecerá após as eleições de outubro”, finalizou.

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