Candidatos à Presidência devem se beneficiar dos ‘palanques duplos’ em 2022; entenda

Principais postulantes ao cargo veem pulverização de candidaturas e podem ter aliados apoiando adversários durante a campanha

  • Por André Siqueira
  • 13/02/2022 14h36 - Atualizado em 13/02/2022 14h38
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Montagem com fotos de quatro pré-candidatos à Presidência da República Políticos fotografados em eventos públicos Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) são os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas

O fenômeno do “palanque duplo” não é uma novidade na política brasileira, mas os principais candidatos da eleição presidencial trabalham com a pulverização destes casos no pleito deste ano. A divisão do apoio, motivada pelo desempenho de aliados nas pesquisas e por costuras políticas estabelecidas em âmbito estadual, deve ocorrer em cerca de dez Estados e envolver as postulações do presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), os quatro melhores colocados na corrida pelo Palácio do Planalto.

No Sul do país, onde o presidente Jair Bolsonaro tem o segundo melhor desempenho nas pesquisas, de acordo com a pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira, 9, há Estados nos quais o mandatário do país pode ter até três palanques. Em Santa Catarina, o senador Jorginho Mello (PL), parlamentar da tropa de choque governista no Congresso, disputará o cargo com o atual governador, Carlos Moisés (sem partido), e com o senador Esperidião Amin (PP), pré-candidato do Progressistas. Moisés foi eleito em 2018 pelo PSL, partido ao qual Bolsonaro estava filiado na época. No Paraná, o Podemos, que aposta na candidatura do ex-juiz Sergio Moro, integra a base do governador Ratinho Junior (PSD), um dos poucos gestores estaduais aliados do Palácio do Planalto. No Rio Grande do Sul, há pelo menos duas candidaturas bolsonaristas colocadas: o ministro do Trabalho e Previdência Social, Onyx Lorenzoni, disputará a preferência do eleitor gaúcho com o senador Luis Carlos Heinze (PP), ferrenho defensor do governo na CPI da Covid-19. Em Rondônia, Estado da região Norte, o governador Marcos Rocha (PSL), deve disputar o pleito com o senador Marcos Rogério (PL). Os dois apoiam Bolsonaro.

Na região Nordeste, onde Lula leva ampla vantagem nas pesquisas, casos semelhantes ocorrem. No Maranhão, o senador Weverton Rocha (PDT) vai se dividir entre o apoio a Ciro Gomes, seu correligionário, e ao petista. Nas redes sociais, o parlamentar já divulgou um vídeo no qual diz ser o “melhor amigo” do ex-presidente. No Rio de Janeiro, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), que foi filiado por 20 anos ao PT, disputa o apoio da sigla com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), pré-candidato da legenda socialista ao Palácio da Guanabara. Nas negociações para a formação de uma federação partidária, a cúpula petista fechou um acordo para apoiar a candidatura de Freixo, mas líderes do PDT e do PSD, que construíram um acordo para a eleição, trabalham para viabilizar uma frente-ampla, sob o argumento de que a postulação de Freixo teria mais dificuldades para conquistar o voto do eleitor de centro.

No Espírito Santo, o PT aguarda o governador Renato Casagrande (PSB) formalizar apoio ao ex-presidente Lula. Neste sábado, 12, porém, o gestor capixaba receberá Sergio Moro para um café da manhã, em um movimento que causou a irritação de petistas. Em 2018, o PDT apoiou a candidatura de Casagrande. Quatro anos depois, aliados de Ciro Gomes contam com os socialistas. “Nosso diálogo é um diálogo de apoio à reeleição, o que precisamos é da segurança de que o palanque de Casagrande seja Ciro Gomes. Vamos dialogar sobre isso agora”, disse o presidente do PDT no Estado, Weverson Meireles, em dezembro do ano passado. Em Minas, Zema foi convidado por Moro para formar uma aliança e é visto como um importante aliado de Bolsonaro por comandar o segundo maior colégio eleitoral do país.

Em São Paulo, o caso é complexo. O ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT) se apresentam como pré-candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. Para que a federação seja oficializada, os petistas esperam que França abra mão da candidatura para concorrer ao Senado – o socialista, porém, não tem dado indicativos de que recuará. Caso o entrave se mantenha, o ex-presidente Lula deve ter dois palanques à disposição. No maior Estado do país, Bolsonaro também pode ter dois aliados. O mandatário do país apoia o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, mas o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub também tenta se cacifar junto ao eleitorado bolsonarista. À Jovem Pan, um auxiliar presidencial disse que o Planalto colocará “todas as energias” na tentativa de eleger Gomes de Freitas, ponderando que “não seria eleitoralmente inteligente” romper com Weintraub, já que ele pode conquistar votos de apoiadores mais radicais. Para evitar um desgaste, Bolsonaro disse a apoiadores, em dezembro do ano passado, que só deve manifestar apoio explícito a candidatos no segundo turno. “Tem Estado aí que tem até quatro candidatos que me apoiam. Eu não posso ficar com um. Os outros três vão ficar chateados comigo. Eu estou no segundo turno. Primeiro turno eu não estou com ninguém”, afirmou.

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