Delgatti diz que Bolsonaro ofereceu indulto em troca de invasão de urnas

Hacker detalhou um suposto plano do marqueteiro Duda Lima apoiado por Bolsonaro para uma apresentação fake contra urnas no dia 7 de setembro

  • Por Brasília
  • 17/08/2023 11h54
Edilson Rodrigues/Agência Senado Walter Delgatti, o À mesa: advogado do depoente, Matheus Moreira; hacker Walter Delgatti Neto; advogado do depoente, Ariovaldo Moreira.

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro nesta quinta-feira, 17, o hacker Walter Delgatti Neto disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ofereceu um indulto presidencial em troca de simulação de invasão das urnas eletrônicas, caso ele fosse preso. A intenção de Bolsonaro era alegar fragilidades nas urnas. O plano teria sido feito pelo marqueteiro da campanha, Duda Lima, em uma reunião com a presença da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto – que, segundo Delgatti, propôs a criação de um código fonte “fake” para as urnas com o intuito de mostrar que o voto em um candidato poderia ser computado para outro. Em uma segunda reunião no Palácio da Alvorada com o então presidente Jair Bolsonaro, no dia 10 de agosto, Walter afirmou que Bolsonaro pediu para que ele colocasse o plano de Duda em prática e afirmou que poderia garantir sua soltura se fosse preso.

“Em uma reunião à tarde naqual proposta foi apresentada, a ideia de ser garoto propaganda da campanha saiu da reunião. Duda disse que o ideal seria ele participar de uma entrevista com a esquerda e de forma espontânea falar sobre as urnas e falar sobre a fragilidade das urnas. Essa foi a proposta inicial, que não ocorreu porque o meu encontro saiu na mídia e eles cancelaram. E a segunda ideia era no dia 7 de setembro pegar uma urna e colocar um aplicativo meu lá para mostrar para a população digitar um voto e sair outro. O código fonte da urna eu faria o meu, não do TSE, só para mostrar, por exemplo, que era possível apertar um voto e sair outro”, disse o hacker. “A ideia do Duda, eu criaria um código meu, feito por mim. Seria um código fonte fake. E essa apresentação servia para explicar à sociedade e quem estivesse lá no 7 de setembro que era possível a urna imprimir outro voto”, complementou.

O hacker relatou que buscava receber um indulto e que teria recebido uma promessa de emprego na campanha de Bolsonaro. Ele estava impossibilitado de usar a internet e de trabalhar pois era investigado noa Operação Spoofing. “Bolsonaro me disse que eu estaria salvando o Brasil e que a liberdade do povo estava em risco. Que eu preciso ajudar a garantir a lisura das eleições. Contou que nas eleições de 2018 teve acesso a um relatório da PF que ela poderia ter sido manipulada. Ele disse que não entendia nada da parte técnica e que eu precisava ir para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. A ideia era que eu conseguisse um indulto do presidente. Como eu estava no processo da [operação] Spoofing na época, com as cautelares que me impediam acesso à internet e trabalhar eu visava a esse indulto”, afirmou.

Walter Delgatti Neto disse também que o próprio Bolsonaro pediu que ele grampeasse o telefone do ministro do STF Alexandre de Moraes. Bolsonaro teria dito a Delgatti que Moraes “já estava grampeado”. O hacker ainda reafirmou que recebeu cerca de R$ 40 mil de Carla Zambelli para invadir o sistema do Poder Judiciário e inserir um falso mandado de prisão contra Moraes.

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