Cade pede investigação contra instituto de pesquisas após ‘erros para além da margem’
Presidente do órgão, Alexandre Cordeiro Macedo, analisa irregularidades nas projeções eleitorais e fala em formação de ‘cartel’ para manipular o mercado e as eleições
O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro Macedo, enviou um ofício ao superintendente-geral do órgão, Alexandre Barreto, solicitando a abertura de uma investigação contra institutos de pesquisas por supostos “erros em série” nas projeções eleitorais feitas no primeiro turno das eleições de 2022. No documento de dez páginas, Macedo diz que as irregularidades dos levantamentos em comparação com as urnas foram constatadas em diferentes institutos, citando o Datafolha, Ipec e Ipespe como exemplo, e fala em irregularidades intencionais “para além da margem de erro” e cita ações “orquestradas dos institutos de pesquisa na forma de cartel para manipular em conjunto o mercado e, em última instância, as eleições”. “É ainda mais improvável de ocorrer [os erros] quando se verifica que este padrão se repetiu em várias pesquisas supostamente independentes, mas que, aparentemente, possuem o mesmo tipo de erro. (…) Tal improbabilidade de resultado levanta suspeita a respeito da independência das ações dos referidos agentes, pelos motivos já destacados”, diz Alexandre Cordeiro Macedo, após análise de resultados de 19 institutos de pesquisas. Na sequência, o presidente do Cade menciona os resultados das urnas no primeiro turno, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 48,43% dos votos válidos, contra 43,20% do presidente Jair Bolsonaro (PL), o que representa uma diferença de pouco mais de 5 pontos percentuais, e faz um paralelo com as principais projeções dos institutos, que mostravam diferença entre os candidatos de até 14 pontos.
“Ocorre que, quando há uma grande quantidade de pesquisas que falham simultaneamente e no mesmo sentido, é pouco provável que este tipo de erro seja fruto de mero acaso”, menciona Alexandre, que questiona a conduta dos institutos. “Diante da improvável coincidência, especialmente em relação os erros cometidos em um mesmo sentido e idênticos quanto a diferença entre os candidatos, e, ainda, frente a ausência de qualquer racionalidade (pelo menos por hora) que explique o fenômeno, pode-se concluir que há indícios de suposta conduta coordenada ou colusiva e também de efeitos unilaterais por parte dos institutos IPEC, DATAFOLHA e IPESPE devendo a Superintendência-Geral do Cade instaurar inquérito administrativo para apurar os fatos narrados”, afirma Alexandre Cordeiro Macedo. No documento, o presidente também fala em indícios de que institutos concorrentes possar agir em conluio. “Condutas essas que pode ser enquadradas nos tipos administrativos definidos como cartel, indução de conduta comercial uniforme e/ou troca de informação sensível”, menciona, ao falar também em ato ilícito administrativo contra a ordem econômica e crime contra a ordem econômica.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.