Ciro Gomes é oficializado como candidato à Presidência pelo PDT: ‘Quero unir o país’
Pedetista prometeu acabar com a reeleição e com o orçamento secreto assim que chegar ao poder; partido ainda negocia alianças e escolherá o vice para integrar a chapa presidencial
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) realizou nesta quarta-feira, 20, sua Convenção Nacional e aprovou o nome de Ciro Gomes como candidato à Presidência da República. Com evento realizado na sede nacional da sigla, em Brasília, no primeiro dia do período para realização das convenções partidárias, a homologação da escolha do ex-ministro da Fazenda ocorreu por unanimidade e sem votos contrários. No local, Ciro argumentou que a “fé, paixão, coragem e desafio” é o que o move para iniciar outra campanha presidencial. Ao comentar sobre o atual governo, o pedetista classificou Jair Bolsonaro como “insensível” e “incompetente” e acusou o Partido dos Trabalhadores (PT) de atenuar a miséria no país com uma “bonança passageira”. “Meros voos de galinha”, classificou.
Com discurso centrista, o agora candidato prometeu acabar com a reeleição e com o orçamento secreto assim que chegar ao poder, se defendeu das acusações de ser considerado um ‘coronel’ e disse ter deixado o Brasil com “pleno equilíbrio” fiscal enquanto integrou o Ministério da Fazenda. “Como governador e prefeito, nunca gastei mais do que arrecadei e nunca tive um dia de déficit fiscal”, bradou. Com menções aos brasileiros que vivem na insegurança alimentar, Ciro acenou à classe média ao alegar que se preocupa com o empobrecimento da população. “Esquerda e direita foram e são cúmplices. Dois dos principais responsáveis pela crise estimulam uma polarização vulgar. Os dois disputam quem é o mais corrupto, o mais autoritário, o mais fascista e o mais comunista”, disse.
Carlos Lupi, presidente do partido, esteve presente – junto dos candidatos da legenda que disputarão os governos do Distrito Federal, Leila do Volei; do Amazonas, Carol Brás; do Ceará, Roberto Claudio; do Rio Grande do Sul, Vieira da Cunha; do Paraná, Ricardo Gomyde; de São Paulo, Elvis Cesar; do Rio de Janeiro, Rodrigo Neves – e disse que a sigla não será “puxadinho” de outros políticos. “Temos a possibilidade de fazer o melhor resultado da história do PDT. As aves de rapina vão cultivar a traição em outro terreno”, afirmou em direção a Ciro.
Com outras corridas presidenciais realizadas em 1998, 2002 e 2018 – sem chegar ao segundo turno em nenhuma delas -, esta será a quarta tentativa de Ciro Gomes de vencer as eleições e comandar o Palácio do Planalto. Na última disputa, o ex-governador do Ceará teve seu melhor desempenho com 13,3 milhões de votos. Atualmente, de acordo com última pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, o pedetista encontra-se na terceira colocação com 8% das intenções de voto – atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do atual mandatário Jair Bolsonaro (PL).
Gomes, de 64 anos de idade, torna-se candidato oficial à presidência sob o mantra de ‘vote em um e se livre dos dois’, numa referência ambígua com o número da sigla e de alternativa à Lula e Bolsonaro. O slogan utilizado durante a apresentação do pedetista segue a mesma linha e diz: ‘Prefiro Ciro’. Sem um nome a vice, o partido tenta furar a polarização e deixa o cargo em aberto para que este seja um atrativo na negociação com outras legendas por alianças durante a campanha. Na última eleição, em 2018, o partido optou por uma chapa puro-sangue devido a falta de apoio de outras siglas e escolheu Kátia Abreu (então filiada ao PDT) para ser sua vice. Pelo calendário da legislação eleitoral, os partidos têm até o dia 15 de agosto para registrar sua candidatura.
Paulista e nascido em Pindamonhangaba em 1957, Ciro Gomes mudou-se para a cidade de Sobral, no Ceará, aos quatro anos de idade. Por lá, iniciou a sua vida na política e foi eleito deputado estadual – de 1983 a 1989 -, prefeito de Fortaleza – de 1989 a 1990 -, e governador do Estado – de 1991 a 1994. No âmbito federal, foi escolhido como ministro da Fazenda durante o governo Itamar Franco e retornou à Esplanada dos Ministérios, em 2003 a 2006, para comandar a pasta da Integração Nacional durante o governo Lula. Seu último cargo eletivo ocorreu entre 2007 e 2011, como deputado federal.
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