Em discurso de filiação ao PL, Bolsonaro afirma que ‘tirou o Brasil da esquerda’
É a nona legenda da carreira política do chefe do Executivo; partido também abrigará o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente
O presidente Jair Bolsonaro assinou, nesta terça-feira, 30, a sua filiação ao Partido Liberal (PL). Inicialmente, a celebração estava prevista para acontecer em 22 de novembro, mas foi adiada após exigências do chefe do Executivo em relação aos Estados, principalmente São Paulo. A legenda apoiaria Rodrigo Garcia (PSDB), vice do governador João Doria (PSDB), nas eleições para o governo estadual. Após uma série de reuniões e encontros, o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, e Bolsonaro finalmente entraram em um acordo, possibilitando a filiação do mandatário do Palácio do Planalto, que levou consigo o seu primogênito, o senador Flávio Bolsonaro. Além do Zero Um, integrantes do PL apostam que outros ministros também sigam os passos de Bolsonaro e integrem a legenda. Entre eles Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Gilson Machado (Turismo).
Em cerimônia no centro de eventos Complexo 21, em Brasília, o presidente iniciou seu pronunciamento confessando que escolher um partido não foi fácil. Isso porque a filiação de Bolsonaro também era disputada pelo Progressistas (PP), partido comandado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que estava presente no evento do PL. É a nona legenda que Bolsonaro se filia desde o início de sua carreira política, em 1989. Anteriormente, o chefe do Executivo passou pelo PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL. “Eu vim do PP e confesso, prezado Valdemar, a decisão não foi fácil. A filiação é como um casamento. Não seremos marido e mulher, seremos uma família”, afirmou Bolsonaro ao presidente da legenda. “Estou me sentido aqui, Arthur Lira, em casa. Vocês me trazem lembranças agradáveis. Eu vim do meio de vocês, fiquei 28 anos dentro da Câmara dos Deputados”, disse o presidente cumprimentando os parlamentares presentes. O PL é a terceira maior bancada da Câmara.
Em seu discurso, Bolsonaro celebrou o fato do seu governo ter tirado o Brasil da esquerda. “O futuro do Brasil está em nossas mãos. Nós tiramos o Brasil da esquerda. Olhem para onde estávamos indo. Olhem para onde foi certos países como a Venezuela. Nós não queremos isso. Nós temos um bem que está na nossa frente, e não podemos desprezá-lo, achar que ele não vai acabar nunca. É um bem, que é a nossa liberdade”, declarou. “Alguns extrapolam aqui na Praça dos Três Poderes. Essa pessoa vai ser enquadrada, vai se enquadrando, vai vendo que a maioria somos nós. E nós, aqui, que temos voto, é que devemos conduzir o destino da nossa nação”, apontou Bolsonaro em possível referência aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Tudo, quase tudo, depende do Parlamento. Em grande parte, o parlamento tem jogado junto com o Poder Executivo. Isso é muito bom. Não se fala em Poder Judiciário, mas tem a ver conosco, sim. Amanhã está prevista a sabatina do nosso indicado, o André Mendonça. Espero que ele seja aprovado”, apontou o chefe do Executivo. Mendonça foi indicado por Jair Bolsonaro à vaga no STF no mês de julho. Naquela época, o presidente chegou a dizer o que queria no Supremo um ministro ‘terrivelmente evangélico’. A sabatina de Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está marcada para esta quarta-feira, 1º.
“Quem, porventura, se eleger presidente ano que vem, no início de 2023 indica mais dois nomes para o Supremo Tribunal Federal. Se por acaso eu vier candidato…”, sugeriu o presidente, que foi ovacionado pelo público. Assim como em outros momentos, Bolsonaro não cravou que irá ser candidato à Presidência da República. “Não estamos aqui lançando ninguém a cargo nenhum”, esclareceu o mandatário do Palácio do Planalto antes de começar a sua fala. “Ano que vem teremos bem mais candidatos do que 2018. Isso é bom para democracia, quanto mais candidatos, melhor”, afirmou. “Queremos, sim, compor nos Estados para senador, governador. A renovação é natural, pode se renovar até a presidência da República, mas o que nós queremos é cada vez mais termos menos diferenças entre nós. Quem ganha com isso? O Brasil, os 210 milhões de habitantes”, completou. “Jamais, da minha parte, qualquer proposta para controlar a mídia, muito menos a mídia social. A liberdade acima de tudo”, finalizou. O ex-presidente Lula (PT), possível adversário de Bolsonaro, já reafirmou sua intenção de controlar a mídia. Além do presidente e do seu filho, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, também assinou a sua ficha de filiação ao PL.
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