Em encontro com chanceler da Alemanha, Lula diz que não vai desistir de acordo entre Mercosul e União Europeia
Presidente brasileiro afirmou que momento é decisivo para finalização do pacto entre os blocos e defendeu a necessidade dos grupos avançarem nos compromissos políticos, sociais e econômicos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta segunda-feira, 4, da cerimônia de assinatura de declaração conjunta de intenções e acordos com a Alemanha, em Berlim. Ao lado do presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, o chefe de Estado assinou cerca de 20 acordos bilaterais com foco em meio ambiente e desigualdade social. Na ocasião, ele também comentou sobre a possibilidade de assinatura de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. “Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer. Porque, depois de 23 anos, se a gente não concluir o acordo, é porque, eu penso que nós estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que nós temos de avançar nos acordos políticos, sociais e econômicos”, declarou. Ele ainda afirmou que acredita que este é um “momento decisivo” para o acordo, com a proximidade da reunião da cúpula do Mercosul, que será realizada entre 6 e 7 de dezembro, no Rio de Janeiro. “Não vou desistir enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir o não de todos”, completou.
Lula também comentou sobre os projetos prioritários para o Brasil e a assinatura dos acordos com a Alemanha. “Adotamos a parceria para um transformação ecológica e socialmente justa. Vamos reforçar a robusta cooperação na área ambiental, que inclui o Fundo Amazônia, entre outros projetos. Queremos atuar junto na promoção da industrialização verde, agricultura de baixo carbono e a bioeconomia. Expliquei ao chanceler da Alemanha o nosso compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2023 e combater os ilícitos ambientais. Neste ano, reduzimos o desmatamento em 50% na Amazônia. Conversamos também sobre as ameaças à democracia e ao estado de direito. Concordamos em atuar juntos no enfrentamento às forças antidemocráticas, que atuam de forma coordenada internacionalmente e fomentam o extremismo”, explicou.
No domingo, 3, o presidente brasileiro declarou que, caso não haja acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, será por conta do por protecionismo dos europeus, não por falta de vontade dos sul-americanos. “Se não tiver acordo, paciência, não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assuma a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer uma acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão, é sempre ganhar mais e nós não somos mais colonizados, nós somos independentes, nós queremos ser tratados apenas com o respeito de países independentes que temos coisas pra vender, e as coisas que temos têm preço. O que queremos é um certo equilíbrio”, disse em conversa com jornalistas enquanto deixava Dubai. Durante a passagem pelo país alemão, Lula reforçou em diversas oportunidades sua vontade de firmar novas parcerias para o Brasil. “[A Alemanha] precisa se voltar para o Brasil. Sobretudo neste momento em que o Brasil está trabalhando a questão de energia limpa, de renovação, transição energética, Amazônia, biodiversidade. O Brasil é a bola da vez, é só investir”, declarou.
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