Em meio a crise entre aliados no Ceará, Ciro critica ‘quem deserta por carguinho de ministro’

Declaração do presidenciável ocorreu na convenção do PDT que oficializou o nome de Roberto Cláudio ao governo do Estado; governadora em exercício foi preterida e motivou ruptura entre petistas e pedetistas

  • Por Jovem Pan
  • 24/07/2022 15h22
Foto: José Cruz/Agência Brasil Ciro Gomes com o dedo levantado falando em um palanque. Homem branco, careca, usando terno preto e camisa azul por baixo. Crise no Ceará foi causada pela escolha de Roberto Cláudio ao governo do Ceará e opõe os irmãos Ciro e Cid Gomes

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, subiu o tom contra o ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT) neste domingo, 24, durante a convenção do partido que oficializou o nome do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) ao governo do Estado. O discurso do presidenciável representa mais um capítulo da crise local que envolve lideranças pedetistas e petistas pela sucessão de Santana, que disputa uma cadeira ao Senado. Nos últimos dias, PT e PDT romperam uma aliança que durava 16 anos em razão da escolha de Cláudio para a corrida ao Palácio da Abolição. A governadora Izolda Cela (PDT), que assumiu a gestão em abril após a renúncia de Camilo e era apoiada pelo Partido dos Trabalhadores, foi preterida em disputa interna da legenda. Como consequência, o PT estuda lançar uma candidatura própria para competir com o ex-gestor da capital – um dos nomes aventados é o do deputado federal José Guimarães (PT-CE).

“Eu não comento assuntos de família pelos jornais, mas o que está em jogo nem é a família nem é futrica política”, iniciou Ciro. “Quero pedir aos líderes políticos do Ceará: ponham a mão na cabeça, temos que ter humildade. Hoje o nosso projeto está ameaçado. Nós que temos essa obra extraordinária do Cid [Gomes, irmão de Ciro e senador da República], do Camilo [Santana], entra pesquisa e sai pesquisa e quem é favorito nas pesquisas é um bolsonarista, cuja única obra é sujar as mãos de sangue liderando motins e trazendo o ódio, o rancor e a incompetência e a ladroeira para o nosso Estado”, seguiu, em alusão ao deputado federal Capitão Wagner (União Brasil-CE), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado.

Em outro momento, em recado claro ao ex-governador do Estado, Ciro Gomes disse que o povo do Ceará “não tem culpa da vaidade e da prepotência de lideranças que, uma vez construídas nessa luta e obra desse projeto, agora servem por uma ninharia, um punhado de nada ou um carguinho de ministro, desertam da humildade e da luta do povo”. “Frequentam os caminhos de Judas, mas até Jesus, o nosso Senhor, filho de Deus, entre 12 amigos apenas, teve um que lhe empurrou a faca beijando seu rosto. Quanto mais um pobre pecador humilde como eu”, afirmou. Esta não é a primeira vez que Ciro afirma que Camilo Santana havia mudado de posição por ter recebido uma oferta de se tornar ministro em um eventual governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisa de intenção de voto e polariza a disputa presidencial com Bolsonaro.

Sem citar Ciro Gomes, o ex-governador Camilo Santana fez um aceno a Izolda Cela e ao senador Cid Gomes (PDT-CE), que não participaram da convenção do PDT na manhã deste domingo. “Amigos que a vida me deu e que ninguém separa. Respeito, carinho e união sempre”, escreveu Santana em seu perfil no Twitter. Cid Gomes, que comandou o Ceará por dois mandatos, foi contra a decisão do irmão de apoiar o nome de Roberto Cláudio. A publicação do petista é mais um indício de que a escolha do nome que representará o grupo de esquerda e centro-esquerda no Estado gerou uma cisão na aliança de quase duas décadas. Além disso, crescem as chances da governadora em exercício apoiar o nome do PT para a sucessão de Santana.

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