Impasses entre partidos ameaçam palanques de Lula nos maiores colégios eleitorais do país

Rio de Janeiro e Minas Gerais têm disputas por candidaturas ao Senado; em São Paulo, PT e PSB negociam a disputa pelo governo estadual

  • Por Victoria Bechara
  • 07/05/2022 14h00 - Atualizado em 07/05/2022 14h11
MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente Lula unindo os dois polegares aos indicadores e falando em um microfone. Usa terno e camisa branca. Atrás, logos do PT Lula é pré-candidato à presidência em chapa com Alckmin

Com a formalização da aliança entre Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin para as eleições deste ano, PT e o PSB tentam entrar em consenso sobre candidaturas em dois Estados do Sudeste – São Paulo e Rio de Janeiro. Já em Minas Gerais, o Partido dos Trabalhadores busca o apoio do PSD, de Gilberto Kassab, mas tem a cadeira no Senado como obstáculo. Essas indefinições ameaçam os palanques do petista nos maiores colégios eleitorais do país. São Paulo é o Estado com maior número de eleitores, 32,3 milhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O PT quer lançar Fernando Haddad como candidato ao governo estadual, o que gerou um impasse com o PSB. O ex-prefeito da capital paulista lidera a disputa com 29,7%, de acordo com o último levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado na segunda-feira, 2. No entanto, o PSB insiste na postulação do ex-governador do Estado Márcio França e quer o apoio da sigla de Lula.

As legendas negociam para que apenas um deles dispute o Palácio dos Bandeirantes. França sugere que a definição seja feita por meio de pesquisas. O postulante do PSB aparece em segundo lugar na maioria dos levantamentos, atrás de Haddad, porém tem menos rejeição que o petista. A pesquisa Datafolha realizada no início de abril mostrou que 34% dos paulistas não votariam no ex-prefeito para o governo estadual “de jeito nenhum”. Já o índice de rejeição de França é de 20%. Em sabatina realizada pelo portal UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo, o ex-governador disse que, caso o PT não aceite o acordo, ele vai seguir com a candidatura até o fim. Neste caso, o palanque ficaria dividido em São Paulo. 

Senado e Minas Gerais

Lula também tem uma dor de cabeça em Minas Gerais. O ex-presidente quer o apoio do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que será candidato ao governo do Estado pelo PSD. No entanto, a disputa por uma cadeira no Senado se tornou o principal empecilho para uma aliança entre os partidos. O senador Alexandre Silveira, que assumiu o mandato com a ida de Antonio Anastasia para o Tribunal de Contas de União (TCU) deve disputar a reeleição na chapa de Kalil. O PT, por sua vez, quer lançar o deputado federal Reginaldo Lopes, líder da sigla na Câmara, para disputar uma cadeira na Casa Alta do Congresso Nacional. Em entrevista a uma afiliada da Rádio Itatiaia, Kalil disse que “é muito difícil” o PSD apoiar Lula sem uma coligação formal. A falta de alianças em Minas pode prejudicar os palanques do petista no Estado, o segundo maior colégio eleitoral do país, com 15,5 milhões de eleitores. 

Senado e Rio de Janeiro

O Senado também é motivo de embate no Rio de Janeiro. O PT quer André Ceciliano, atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), como candidato a senador na chapa de Marcelo Freixo, que disputará o governo fluminense pelo PSB. Ao mesmo tempo, o partido de Alckmin lançou o deputado Alessandro Molon para disputar o Senado. Ceciliano já afirmou que o PT deve retirar o apoio formal a Freixo caso o PSB não abra mão dessa candidatura. Neste caso, Lula teria menos espaço no Rio, domicílio eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. O petista está à frente no cenário geral das pesquisas presidenciais, mas não tem vantagem no Sudeste, onde estão os três maiores colégios eleitorais. Segundo a última pesquisa PoderData, Lula está empatado com Bolsonaro na região, ambos com 39% das intenções de voto.

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