‘Já levei facada na barriga, e hoje foi nas costas’, diz Bolsonaro após decisão do TSE

Em conversa com jornalistas, o ex-presidente também afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral trabalhou contra suas propostas e que a oposição ainda não tem um nome para as eleições de 2026

  • Por Jovem Pan
  • 30/06/2023 14h17 - Atualizado em 30/06/2023 14h58
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Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo Bolsonaro ebarcou de Brasília para o Rio antes de retomada do julgamento no TSE Julgamento que determinou inelegibilidade de Bolsonaro terminou com placar de 5 a 2 pela condenação

Momentos depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formar maioria para torná-lo inelegível, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou ter levado “uma facada nas costas” ao ser condenado pela Corte. A declaração foi dada nesta sexta-feira, 30, durante conversa com jornalistas em Belo Horizonte. “Respeitei a Constituição, trabalhei dentro das quatro linhas. Parece que esse esforço todo não teve esse valor reconhecido. […] Não gostaria de me tornar inelegível”, disse Bolsonaro. “Há pouco tempo, levei uma facada na barriga. Hoje, levei uma facada nas costas com a inelegibilidade por abuso de poder político”, continuou o ex-presidente. Em seguida, Bolsonaro voltou a citar o julgamento da chapa Dilma-Temer em 2017, dizendo que a jurisprudência foi alterada e que ele foi julgado e condenado pelo “conjunto da obra”. Questionado pelos jornalistas, o ex-presidente disse que vai conversar com seus advogados e verificar opções viáveis. “Eu vou conversar com os advogados. Vou ver o que o advogado tem a dizer sobre.”

O ex-chefe do Executivo também analisou o cenário político do país, dizendo que a oposição a Lula em 2026 ainda não existe. Em seguida, ele ironizou o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chamou de “grande democrata”. “O caminho está bastante avançado para uma ditadura. Eleições sem confronto não é democracia. Quem seria oposição para o atual mandatário que está aí em 2026? No momento, ainda não tem nome. Pode ser que apareça, mas não tem nome. Seria quase um W.O. ou poderiam, por aclamação, lá no TSE, continuar o mandato do Lula, afinal de contas ele é um grande democrata. Um cara que esteve na cadeia por tanto tempo, condenado por nove juízes em três instâncias, tirado da cadeia para disputar a presidência. Um massacre para cima de mim, por parte de alguns setores da sociedade, e também um Tribunal Superior Eleitoral que trabalhou contra as minhas propostas. Fui proibido de mostrar imagens do Lula defendendo aborto, dizendo que pode roubar um celular para tomar uma cervejinha”, afirmou o ex-presidente.

Em outro momento, Bolsonaro voltou a dizer que não houve corrupção durante seus quatro anos de governo e relembrou que o TSE chegou a proibir até a realização das tradicionais transmissões ao vivo, que eram feitas semanalmente às quintas-feiras. “Acredito que tenha sido a primeira condenação por abuso de poder político. Acredito que esse tenha sido meu crime, um crime sem corrupção. Desde que assumi falaram que eu ia dar golpe. Acompanhamos as eleições, a maneira como o TSE agiu e proibiu até de fazer live na minha casa”, disse Bolsonaro. “Acho que o Brasil fica de luto. Alguém vai soltar fogos, obviamente. (O Lula) Vai entrar em campo para ganhar por quase W.O. em 2026, mas isso é democracia.”

O julgamento que tornou Bolsonaro inelegível começou na semana passada. O relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, votou pela inelegibilidade do ex-chefe do Executivo, sendo acompanhado por Floriano de Azevedo, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. Por outro lado, os ministros Raul Araújo e Nunes Marques se posicionaram contra a decisão. Bolsonaro é acusado de abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação em razão da reunião com embaixadores realizada no dia 18 de julho de 2022. Na ocasião, o ex-mandatário reuniu chefes de missões diplomáticas e listou supostas falhas de segurança no sistema eleitoral brasileiro. Dentre os questionamentos sobre as urnas citados pelo ex-presidente, estão o ataque hacker ao sistema da Corte e o convite feito pelo então presidente do TSE para observadores internacionais acompanharem o pleito, dizendo não saber o que viriam fazer no país.

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