Lira diz que Constituição ‘jamais será rasgada’ e que vai conversar com todos os Poderes
Apesar da mobilização de parlamentares e partidos políticos, presidente da Câmara dos Deputados silenciou sobre eventual tramitação de um pedido de impeachment
Um dia depois dos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes, integrante da Corte, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a Constituição brasileira “jamais será rasgada” e que ele conversará com todos os Poderes. “É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia-a-dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada nas redes sociais, que, apesar de amplificar a democarcia, estimula excitações e excessos”, disse. A declaração foi dada em um pronunciamento à imprensa. “Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido”, justificou.
Apesar das manifestações de diversos partidos, como PSDB, PSD e Solidariedade, cujas Executivas Nacionais afirmaram que irão debater os posicionamentos das siglas acerca do apoio a um eventual pedido de impeachment de Bolsonaro, Lira não citou, em nenhum momento de sua fala, a possibilidade de fazer tramitar uma das mais de 130 petições apresentadas. Em seu pronunciamento, o parlamentar, expoente do Centrão, bloco partidário que dá sustentação ao governo federal, também não se manifestou sobre eventual crime de responsabilidade cometido pelo mandatário do país.
Em outro trecho, Lira disse que a Câmara quer se apresentar como uma “ponte de pacificação entre o Judiciário e o Executivo”. “É este o papel que queremos desempenhar agora. A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos, para que possamos nos voltar ao Brasil real, que sofre com o peso do gás, por exemplo. A Câmara apresenta-se como motor de pacificação. Na discórdia todos perdem. Mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com união e solidariedade, e não há receita para superar a grave crise socioeconômica sem esses elementos. Essa Casa tem prerrogativas que seguem vivas, e quer seguir votando e aprovando o que é de interesse público. E extende a mão aos demais Poderes, para que se voltem para o trabalho, encerrando os desentendimentos. Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada”, afirmou.
Na parte final de seu pronunciamento, Lira rebateu as declarações de Bolsonaro, que, nas manifestações desta terça-feira, voltou a falar que não poderia participar de uma eleição sem voto impresso porque não faria parte de uma “farsa”. A PEC do voto impresso, uma das principais bandeiras do mandatário do país, foi sepultada no Congresso. “O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. Nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, o povo expressa a sua soberania”, acrescentou o presidente da Câmara. “Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas, como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página”, afirmou o expoente do Centrão.
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