Lula condena invasão russa na Ucrânia, mas nega envio de armas para Zelensky: ‘Se mandar munição, entrarei na guerra’

Em entrevista a Christiane Amanpour, da CNN International, presidente afirmou que comunidade internacional precisa dar condições para Putin acabar com conflito que completará um ano no dia 24 de fevereiro

  • Por Jovem Pan
  • 10/02/2023 16h20 - Atualizado em 10/02/2023 19h43
Flickr/Palácio do Planalto/Ricardo Stuckert/PR Lula Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista à CNN Internacional, em Washington (EUA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu nesta sexta-feira, 10, uma entrevista em solo norte-americano e condenou a invasão da Rússia à Ucrânia. Na visão do petista voltou a rechaçar o envio de munições ao governo de Volodymyr Zelensky e considerou que uma eventual ajuda bélica implicaria em entrar no conflito. “Lógico que ela [a Ucrânia] tem o direito de se defender. Lógico que ela tem o direito de se defender até porque a invasão foi um equívoco da Rússia. Ela não poderia ter feito isso. Não quero entrar na guerra, quero acabar com a guerra”, pontuou. Lula citou nominalmente o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,; o mandatário da China, Xi Jinping; e o governo da Índia como possíveis auxiliares na ajuda ao combate à guerra na Ucrânia. “O mundo só vai se desenvolver se tivermos paz”, pontuou. O chefe do Executivo brasileiro aproveitou para pedir aos agentes internacionais que possam auxiliar ambos os países a entrar em um consenso para que o conflito acabe e destacou a importância do Brasil no cenário global. “Mas eu posso te dizer que eu vou me dedicar para ver se encontro um caminho para alguém falar em paz. Eu tive com o primeiro, eu tive com o chanceler alemão esses dias e ele foi no Brasil”, disse, se referindo à ida de Olaf Scholz ao Planalto.

Conflito político

O petista aproveitou a entrevista à CNN para pontuar que a situação política no Brasil não é tão diferente quanto a dos Estados Unidos. Na visão do ex-metalúrgico, há uma divisão ideológica entre a população e que uma possível escalada nos ânimos dos militantes preocupa as autoridades. “Nunca poderíamos imaginar que em um país que era o símbolo da democracia no mundo — alguém pudesse tentar invadir o Capitólio”, disse após relembrar os ataques realizados por apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Lula e Biden viram os prédios públicos sendo vandalizados nos inícios de suas gestões. Ao citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista o chamou de “fiel imitador de Trump” e disse que ambos “não gostam de sindicatos, de trabalhadores, de mulheres e de negros”. Ainda assim, Lula ressaltou que está convencido de que nem todo mundo que votou em Bolsonaro nas eleições presidenciais em 2022 pode ser considerado bolsonarista. Questionado sobre um pedido de extradição, o presidente da República ressaltou que não irá comentar sobre a situação de Bolsonaro nos Estados Unidos a menos que Biden inicie essa conversa. Por fim, Lula disse que não é da cultura do brasileiro cultivar o ódio.

Combate ao extremismo

Lula pontuou que um dos assuntos que irá tratar com Joe Biden será a ascensão da extrema direita no mundo. De acordo com o chefe do Executivo, é preciso combater o extremismo antidemocrático e o avanço desta ideologia pelo mundo. “É no Brasil, é na Espanha, é na França, e eles estão na Hungria, na Alemanha. Temos uma extrema direita organizada no mundo e se não tomarmos cuidado, isso vai ser uma atitude nazista de lá. Essa é uma atitude de negação que nunca vimos antes”, considerou. Junto com o tema, Lula afirmou que o combate às mudanças climáticas entra no rol de preocupações dos líderes mundiais e se comprometeu em reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 39%, além de premiar prefeitos e governadores que atingirem o fim do desmatamento e das queimadas em seus territórios.

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