‘Lula será o presidente da união nacional’, diz Eduardo Suplicy 

Quadro histórico do PT e deputado estadual mais votado de SP, ex-senador defende ‘governo com forças políticas amplas’ e sonha em ver projeto de renda básica universal instituído em gestão do petista

  • Por André Siqueira
  • 09/10/2022 07h00
Jefferson Rudy/Agência Senado Homem de terno discursa no plenário Eduardo Suplicy discursa no plenário do Senado

Quadro histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), o vereador Eduardo Suplicy se tornou, no domingo, 2, o candidato a deputado estadual mais votado por São Paulo, com 807.015 votos. Senador pelo maior Estado do país por 24 anos, o político diz ter o sonho de ver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituir o programa de renda básica universal no Brasil em seu eventual terceiro governo, em cumprimento a uma lei que foi aprovada pelo Congresso Nacional ainda em 2004. “Tenho feito recomendações à coordenação da campanha de Lula, sobretudo na questão de como implementar a renda básica de cidadania. Disse ao próprio Mercadante, que coordena o plano de governo, que é importante que Lula possa explicitar que ele vai fazer a transição progressiva do novo Bolsa Família até chegarmos à renda básica universal, fazendo do país o primeiro a instituir isso”, diz o petista.

Em entrevista concedida ao site da Jovem Pan, Suplicy também opinou sobre o avanço da direita no Parlamento, a reta final da campanha presidencial e a importância dos acenos de Lula a políticos e partidos de centro para ampliar o arco de alianças em busca de governabilidade.

Suplicy reconhece que a configuração do Congresso Nacional a partir de 2023 não será favorável a Lula, caso o ex-presidente seja eleito no dia 30 de outubro. No Senado, por exemplo, ao menos 13 dos 27 eleitos no último domingo são aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na Câmara dos Deputados, por outro lado, o PL elegeu 99 parlamentares. O ex-senador acredita, no entanto, que o petista terá condições de convencer os parlamentares da importância de aprovar propostas voltadas, por exemplo, à erradicação da pobreza. “Acredito que é importante que, à medida que Lula apresentar projetos de lei que façam sentido, que sejam vistos como responsáveis e capazes de resolver os principais problemas das nações, com foco na erradicação da pobreza e na promoção da igualdade, mesmo os senadores mais conservadores vão aceitar e votarão favoravelmente”, diz. “O que espero é que cada congressista, ao invés de seguir o caminho de ‘só voto nesta ou naquela proposição se for beneficiado com aquele favor’, esteja ao lado do que realmente interessa ao país. É algo que recomendo a Lula: tenha procedimento mais isento e para com todos no Congresso Nacional. O que importa é a defesa do interesse público, porque não é razoável que após, quatro anos de governo, tenhamos mais de 33 milhões em situação de fome, de pobreza”, acrescenta.

O ex-presidente Lula conquistou 48,43% dos votos (57.259.504) no primeiro turno, ante 43,20% (51.072.345 votos) de Jair Bolsonaro, o que representa uma diferença de pouco mais de 6,1 milhões de votos. Eduardo Suplicy projeta uma disputa dura, mas aposta que o embate direto entre os adversários nos debates “deixará a população brasileira melhor esclarecida” sobre os legados dos dois candidatos. “É possível que o país tenha subestimado a força do bolsonarismo, mas no diálogo direto que vai haver nos debates do segundo turno, Lula será capaz de explicar as coisas tais como ela definitivamente tenham acontecido, como este corte de 2,4 bilhões de reais para as áreas de educação, dos Institutos Federais, que estarão em extrema dificuldade, conforme os diretores dessas instituições expuseram na quinta-feira. Com esse diálogo, a população brasileira será melhor esclarecida. Acredito que Lula terá mais votos que Bolsonaro, sobretudo à medida que demonstrar que quer praticar e proclamar o amor, e não o ódio, como Bolsonaro vem incitando”, afirma Suplicy.

Para vencer Bolsonaro e ter condições de governar o país, a campanha acredita que o ex-presidente precisará, ao longo das próximas semanas, conquistar o maior número possível de apoios. Na primeira semana do segundo turno, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os economistas Pedro Malan, Edmar Bacha, Armínio Fraga e Persio Arida, conhecidos como alguns dos “pais” do Plano Real, tucanos históricos, como Tasso Jereissati, José Serra e José Aníbal, políticos do PSD, como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, os senadores Otto Alencar (BA), Angelo Coronel (BA) e Omar Aziz (AM), os deputado federais Marcelo Ramos (AM) e Pedro Paulo (RJ), a senadora Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência, e o ex-ministro Ciro Gomes, presidenciável do PDT, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), declararam voto no petista. Para Suplicy, Lula está no caminho certo. “Será possível se criar um governo com forças políticas amplas, que incluam os economistas, Tebet, pessoas ligadas às proposições que Ciro apresentou, muitas das quais podem ser aproveitadas. Acredito, sim, que Lula poderá ser o presidente da união nacional e que possa governar da melhor possível. Lula, ao contrário do atual presidente do Brasil, teve papel de extrema importância no âmbito internacional e, se reeleito, poderá contar com o apoio dos mais diversos lugares do mundo e, inclusive, contribuindo para trazer a paz e logo acabar com essa terrível e inaceitável guerra que ocorre na Ucrânia”, finaliza.

 

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