Moro e bancada lavajatista darão mais ênfase ao tema da corrupção se Lula for eleito, diz cientista político
Em entrevista ao site da Jovem Pan, Rui Tavares Maluf fez projeções sobre a atuação do nomes ligados à Operação Lava Jato eleitos para o Legislativo
Sergio Moro foi o principal personagem da Operação Lava Jato, que prendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca um terceiro mandato presidencial nas eleições 2022. No domingo, 2, o ex-juiz foi eleito senador pelo Paraná, em disputa polarizada com o atual senador Alvaro Dias (Podemos). Além dele, um outro personagem da força-tarefa se elegeu: o ex-procurador Deltan Dallagnol foi o candidato a deputado federal mais votado pelos paranaenses e ocupará uma vaga na Câmara dos Deputados. Quem também garantiu uma vaga na bancada lavajatista foi a advogada, Rosangela Moro, esposa do ex-magistrado, eleita deputada federal por São Paulo. A eleição destes quadros levanta algumas questões: como atuarão no Parlamento em uma eventual vitória de Lula? Qual será a postura dos lavajatistas em caso de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL)? Pelo Twitter, Rosangela deu uma dica de como pretende atuar no Congresso Nacional. “Esta é a primeira bancada anticorrupção tomando forma”, escreveu.
Para o cientista político Rui Tavares Maluf, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Moro vai procurar ser aquilo que sempre foi, atuando em favor das bandeiras que lhe garantiram projeção nacional. No entanto, elas poderão ser trabalhadas de maneiras diferentes, a depender do resultado do segundo turno. “Temos que pensar em dois quadros, um com Bolsonaro reeleito e outro com Lula escolhido para um terceiro mandato. Se Lula ganhar, a palavra corrupção ganhará mais ênfase. Acredito que essa será a pauta principal deles [Moro e Dallagnol]. Caso Bolsonaro vença, o que pode acontecer é a apresentação de uma pauta de combate ao crime organizado, fortalecimento da Polícia Federal. Embora a corrupção seja um crime, talvez ele [Moro] não dê tanta ênfase a ela. Ele vai procurar ser aquilo que sempre foi”, disse em entrevista ao site da Jovem Pan. Na largada do segundo turno, Moro declarou apoio a Bolsonaro, apesar da saída conturbada do governo. Em abril de 2020, o ex-juiz da Lava Jato pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública e acusou o chefe do Executivo de interferir politicamente na Polícia Federal (PF).
Para o docente da FESPSP, não será surpresa se, em um eventual segundo mandato de Bolsonaro, Deltan Dallagnol for convidado para integrar o governo. “O Deltan não foi ministro do Bolsonaro. Poderíamos nos perguntar a que ponto ele estaria disposto a integrar um ministério. No segundo mandato, Bolsonaro estaria mais à vontade para implementar algo sem depender tanto da sua base mais radical”, avalia Tavares Maluf. O futuro de Rosângela Moro, para o cientista político, é uma incógnita. “Não consigo definir o perfil dela em termos de articulação. Podemos imaginar: se o Tarcísio vencer a eleição em São Paulo, ela integraria a equipe dele? Seu secretariado será técnico. Isso seria mais vantajoso para ela? Em Brasília, [sua atuação dependeria] dependeria da eleição entre Lula ou Bolsonaro. A questão familiar também entra nisso. Em Brasília, estaria mais próxima de Moro. Ela também poderia ganhar uma notabilidade maior se conseguir sensibilizar o eleitorado feminino”, pondera.
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