Moro e Dallagnol comemoram afastamento de Eduardo Appio: ‘Conduta absolutamente inacreditável’

Nas redes sociais, políticos elogiaram a decisão Tribunal Regional da 4ª Região e teceram críticas à atuação do juiz

  • Por Jovem Pan
  • 23/05/2023 10h57
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO Sergio Moro e Deltan Dallagnol Appio era responsável pela Vara onde estão os processos da Lava Jato, operação em que tanto Moro quanto Dallagnol atuaram

Na segunda-feira, 22, o senador Sergio Moro e o deputado federal cassado Deltan Dallagnol comentaram o afastamento do juiz Eduardo Appio do comando da 13ª Vara Federal no Paraná. É nesta seção judiciária que estão os processos da Lava Jato, operação em que tanto Moro quanto Dallagnol atuaram. Nas redes sociais, os políticos apoiaram a decisão do Tribunal Regional da 4ª Região e criticaram a postura do juiz. “Nunca tinha ouvido falar, na história judiciária brasileira, de um caso no qual o juiz de um processo teria ligado ao filho de um desembargador, que revisava suas sentenças, fingindo ser uma terceira pessoa para colher dados pessoais e fazer ameaças veladas. Realmente…”, escreveu Moro. Já Dallagnol retuitou diversos conteúdos sobre o caso, comemorando o afastamento. “URGENTE: TRF4 acaba de afastar o juiz militante “LUL22” da Lava Jato. O Tribunal descobriu que a ligação com ameaças feita ao filho do desembargador Marcelo Malucelli foi feita por Appio – conduta absolutamente inacreditável por parte de um juiz federal, capaz de gerar demissão”, escreveu. Antes mesmo do anúncio da afastamento, o deputado tecia diversas críticas à postura de Appio. “É o show de hipocrisia do juiz que faz garantismo de ocasião e que critica o midiatismo da Lava Jato, mas dá entrevista todo dia. Só falta agora admitir a doação para a campanha de Lula. Isso nunca foi visto na atuação de nenhum agente da lei na Lava Jato”, afirmou.

Como a Jovem Pan mostrou, o Tribunal Regional da 4a Região (TRF-4) decidiu afastar preventivamente o juiz Eduardo Appio do comando da 13ª Vara Federal no Paraná. O magistrado é considerado suspeito de ter efetuado chamada telefônica anônima, com suposta ameaça, ao advogado João Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli, que reviu decisão de Appio sobre revogação da prisão do doleiro Rodrigo Tacla Duran. A ligação, registrada em boletim de ocorrência, foi revelada em abril pela Jovem Pan News. Na decisão, comunicada ao Conselho Nacional de Justiça, o tribunal também determina o bloqueio do acesso do magistrado “às dependências e prédios da Justiça Federal e de acesso eletrônico a sistemas da Justiça Federal”, a apreensão de seu computador funcional e a abertura de processo administrativo disciplinar.

O filho do desembargador Malucelli registrou boletim de ocorrência em que afirmava ter recebido uma ligação, em tom de ameaça, um dia depois da decisão de seu pai que acolheu pedido do MPF contra Tacla Duran. A ocorrência gerou uma investigação administrativa. Perícia realizada pela Polícia Federal, a partir da comparação da voz do interlocutor da ligação suspeita com a voz do juiz federal, corroborou “fortemente a hipótese” de que a voz presente no vídeo que gravou a ligação telefônica recebida pelo filho do desembargador federal foi produzida pelo juiz federal Eduardo Fernando Appio. Na decisão de afastamento, o corregedor regional Cândido Alfredo Silva Leal Júnior enumera uma série de condutas suspeitas de Appio, que acessou andamento processual de um processo para consultar dados do advogado João Eduardo Barreto Malucelli, com o fim de “intimidar, constranger ou ameaçar desembargador federal”. João Malucelli namora a filha do senador Sérgio Moro e integra o escritório de advocacia da família. Essa relação tem sido explorada por rivais do ex-ministro, que o acusam de ter sido beneficiado pelo desembargador.

 

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