MP do Amazonas pede prisão preventiva do prefeito de Manaus

De acordo com a promotoria, David Almeida (Avante) deve ser investigado por um suposto esquema de ‘burla à fila de prioridades’ na vacinação contra a Covid-19

  • Por André Siqueira
  • 27/01/2021 21h00 - Atualizado em 28/01/2021 08h44
Reprodução/Facebook/Campanha de David Almeida David Almeida é investigado por suposta fraude na campanha de vacinação contra o coronavírus

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) pediu a prisão preventiva do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, por um suposto esquema de “burla à fila de prioridades na vacinação contra a Covid-19” na capital do estado. A ação foi apresentada na segunda-feira, 25, ao Tribunal de Justiça do estado (TJ-AM), que já se declarou incompetente para analisar o caso e enviou a petição ao Tribunal Região Federal da 1ª Região (TRF1). “Exsurge cristalina a suspeita do Parquet Estadual de que houve verdadeira corrida na contratação dos médicos apontados na Peça inaugural para que este grupo de pessoas, aparentemente, amealhadas por relações de amizade ou parentesco, fosse beneficiado pela sua tempestiva inclusão no grupo de profissionais da saúde, que trabalham em unidade pública, na linha de frente ao combate contra a pandemia”, escreveu o desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos em sua decisão.

A investigação do MP apontou a contratação de 10 médicos, com remuneração de cerca de R$ 9 mil cada, para cargo de gerente de projetos. Entre as contratadas estão as irmãs gêmeas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins – filhas do empresário Nilton Lins, elas chegaram a divulgar nas redes sociais fotos do momento em que receberam a primeira dose da vacina contra o coronavírus. Os outros médicos, segundo a investigação, são: Carlos Augusto do Couto Valle Bonfim Borborema, Fernanda Alves Bueno de Oliveira, Manoel Charlete Pereira Júnior, David Louis de Oliveira Dallas Dias, Gabriela Pereira de Aguiar, Tatiana Mota Lotti, Alessandro Silva Pontes e Carla Angelina Lima Ribeiro Frota. Segundo a Promotoria do estado, os contratados possuem “ligações políticas e econômico-financeiras de apoio político e eleitoral ao atual prefeito” e as nomeações ocorreram nos dias 18 e 19 de janeiro, “no acender das luzes da vacinação”, o que, diz o MP, denota “a forte impressão de que a corrida para a formalização dos cargos ocorreu exatamente coincidindo com o momento das vacinas, a configurar fundada suspeita para as medidas apropriadas de apuração dos fatos”. A imunização no Brasil foi iniciada no dia 17 de janeiro, no estado de São Paulo.

Além da secretária municipal de saúde, foram vacinados indevidamente Luiz Cláudio de Lima Cruz, subsecretário municipal de Saúde; Sebastião da Silva Reis, secretário municipal de Limpeza; Stenio Holanda Alves, advogado e assessor I da Secretaria Municipal de Saúde; Clendson Rufino Ferreira, assessor II da Secretaria Municipal de Saúde; Jane Mara Silva de Moraes de Oliveira, secretária municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania; a advogada Tamyres Kutchma de Albuquerque; o empresário Bento Martins de Souza e sua esposa, Jane Pereira de Souza.

Em nota, David Almeida se diz “profundamente indignado com a atuação ilegal e arbitrária de membros do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), em descompasso com o histórico de atuação institucional do Parquet” e afirma que “ingressará com as medidas cabíveis contra os responsáveis”. “A medida cautelar foi rejeitada pelo Poder Judiciário estadual, de forma correta, principalmente por não ter havido qualquer ato realizado pelo prefeito”, acrescenta.

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