Oposição pressiona Delgatti, mas hacker da ‘Vaza Jato’ fica em silêncio

Damares Alves disse que depoente ‘vai ficar um bom tempo na cadeia’, e Flávio Bolsonaro se mostrou incomodado com diferença de postura: ‘Você merece o Oscar’

  • Por Brasília
  • 17/08/2023 17h20 - Atualizado em 17/08/2023 17h29
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Edilson Rodrigues/Agência Senado Walter Delgatti, o Edilson Rodrigues/Agência Senado

Após responder parlamentares governistas que concentraram as perguntas durante o “primeiro tempo” da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o depoente Walter Delgatti usou do direito constitucional de ficar em silêncio e não responde os questionamentos da oposição. A mudança de postura foi uma orientação dos advogados. Após as declarações de impacto feitas por Delgatti contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e demais assessores da presidência, parlamentares da oposição se organizaram para “virar o jogo” no “segundo tempo” da sessão. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) foi a primeira parlamentar inscrita no retorno da comissão. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo Bolsonaro afirmou que Walter estava “rotulado” e que ele ia ficar anos na cadeia. “Preste atenção, Walter, daqui para frente você está rotulado. O que eu vou desejar para ti, menino? Os anos que você vai ficar na cadeia. E vou te falar uma coisa: não há nenhuma garantia jurídica de que tu vais sair da cadeia. Não vai. Tem crimes aqui. E você mesmo disse: Eu reconheço que são crimes. Você mesmo disse: ‘Eu cometi crimes’. Você vai ter que responder por penas. Você vai ficar um bom tempo na cadeia”, disse Damares.

Após Damares, o deputado André Fernandes (PL-CE) tomou o uso da palavra, mas também não fez perguntas a Delgatti. O primeiro de fato a fazer questionamentos ao hacker da Vaza Jato foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele abordou o tema urnas eletrônicas e defendeu o pai, Jair Bolsonaro, e mostrou surpresa ao ouvir que o depoente ficaria em silêncio. Flávio pediu para reproduzir um vídeo sobre o sistema de votação na Argentina. Ele afirma que no país vizinho o processo eleitoral é mais simples e possui uma camada a mais de proteção e, portanto, não houve dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral argentino.

“Sr. Walter Delgatti, o senhor, que é conhecido pelas suas habilidades, pelo que fez ali invadindo celulares, ilegalmente, de autoridades, no que foi conhecido como ‘Vaza Jato’, o senhor recebeu alguma vantagem para fazer esse trabalho? De autoridades, o que foi conhecido como ‘Vaza Jato’, o senhor recebeu alguma vantagem para fazer esse trabalho?”, perguntou Flávio. O hacker respondeu que ficaria em silêncio por orientação do advogado. Surpreso, o senador sugeriu que o depoente teria atuado durante a primeira parte da comissão. “Merece o Oscar. Parabéns, o Oscar vai pra Delgatti!”, ironiza Flávio.

Neste segundo momento da CPMI, Delgatti seguiu em silêncio nos questionamentos dos seguintes parlamentares: os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Rodrigo Valadares (União-SE), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Delegado Ramagem (PL-RJ), Marcos Feliciano (PL-SP), Filipe Barros (PL-PR), Abilio Brunini (PL-MT) e Júlia Zanatta (PL-SC), da oposição, e os governistas Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Rogério Correia (PT-MG), além dos senadores Magno Malta (PL-ES), Marcos Rogério (PL-RO), Eduardo Girão (Novo-CE) e Izalci Lucas (PSDB-DF). Pela ausência do presidente Arthur Maia (União-BA), quem está presidindo os trabalhos é o 1º vice, o senador Cid Gomes (PDT-CE).

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