Os bastidores das discussões do DEM sobre a candidatura de Mandetta em 2022

Aliados garantem que ex-ministro da Saúde segue no jogo como pré-candidato à Presidência e minimizam ‘trombada política’ causada por anúncio de suposta desistência

  • Por André Siqueira
  • 25/11/2021 16h06 - Atualizado em 25/11/2021 17h04
Marcos Oliveira/Agência Senado Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta Mandetta deixou o Ministério da Saúde em abril de 2020

“Mal entendido”. Foi desta forma que integrantes do DEM reagiram à declaração do deputado federal Luciavo Bivar (PSL-PE), presidente nacional do PSL, que afirmou a jornalistas que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta teria desistido de sua pré-candidatura à Presidência da República e buscaria uma vaga no Legislativo. Membros da Executiva Nacional do DEM ouvidos pela Jovem Pan avaliam que o parlamentar se precipitou e agiu para “queimar” a pré-candidatura do futuro companheiro de União Brasil, uma vez que uma ala do PSL, ligada ao deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP), é entusiasta da candidatura do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, recém-filiado ao Podemos.

Na terça-feira, 23, Mandetta se reuniu com a cúpula do União Brasil, partido que será criado com a fusão do DEM com o PSL, mas, segundo relatos feitos à reportagem, sinalizou que segue no jogo. Desde o primeiro trimestre do ano, os democratas se encontram para debater a conjuntura política nacional – o ex-ministro da Saúde costuma chamar os encontros de “brainstorming”. Nesta última reunião, Mandetta destacou que a entrada de Moro na corrida eleitoral precisa estar no radar da nova sigla. Embora reconheçam que o nome do ex-auxiliar do governo Bolsonaro ainda não decolou nas pesquisas, líderes do DEM defendem que o União Brasil tenha um candidato próprio no pleito do ano que vem. Quando questionados sobre um eventual apoio à candidatura de Moro, afirmam que é muito cedo para bater o martelo. O ex-ministro da Saúde, porém, admite apoiar a candidatura mais viável da terceira via.

Caciques do DEM também dizem que Bivar foi deselegante, mas minimizam os efeitos da “trombada política”. Internamente, a cúpula do partido avalia que este tipo de ruído ocorreu porque os correligionários do União Brasil ainda não “afinaram o discurso”. A pouco menos de um ano da eleição, há apenas uma certeza entre democratas e sociais liberais: o novo partido trabalhará para viabilizar uma candidatura da chamada terceira via, em oposição aos nomes do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Jovem Pan procurou Mandetta, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Em seu perfil no Twitter, o ex-ministro da Saúde escreveu que seu nome “continua à disposição”.

“Eu sempre disse que posso ser candidato ou posso apoiar outro candidato. Mas jamais desistirei do Brasil. Médico não abandona paciente. Meu nome continua à disposição. A fusão de DEM/PSL vai amadurecer. O que realmente precisamos debater são ideias, com transparência e humildade”, diz a publicação.

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