‘Parlamento está cansado das bobagens ditas pela família Bolsonaro’, diz presidente da frente Brasil-China
Deputado Fausto Pinato (PP-SP) comentou a crise causada pela declaração de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acusou o governo chinês de utilizar a tecnologia do 5G para espionagem
O deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, reagiu à declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acusou o governo chinês de utilizar a tecnologia do 5G para espionagem. Na noite de segunda-feira, 23, o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro publicou uma série de mensagens em seu perfil no Twitter e afirmou que “o governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. Diante da repercussão, a publicação foi apagada. “O Parlamento brasileiro, o povo, os grandes formadores de opinião e todos aqueles que torcem para o Brasil e para Bolsonaro darem certo, cansaram das bobagens ditas pela família Bolsonaro”, disse Pinato em entrevista à Jovem Pan.
Na avaliação do parlamentar, o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos estão contaminados por uma “ideologia insana” que coloca os posicionamentos do núcleo duro do governo acima dos interesses do país. “O que sustenta a balança comercial do país é a relação com a China, que tem muito mais investimentos concretos, em todos os setores, do que qualquer outro país. Eu vejo uma ideologia insana. Nós vemos o Bolsonaro tão duro na defesa de alguns posicionamentos, mas, em termos de pai de família, ele deixa a desejar, ao não impor limites e não deixar com que os filhos e as posições ideológicas estejam acima do interesse do país. É uma irresponsabilidade total”, afirma. A declaração de Eduardo Bolsonaro causou imediata repercussão da embaixada da China no Brasil. “Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, diz um trecho da nota divulgada pelo órgão.
14) Na contracorrente da opinião pública brasileira, o dep. Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, …
— Embaixada da China no Brasil (@EmbaixadaChina) November 24, 2020
“Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”, prossegue o governo chinês. A declaração de Eduardo Bolsonaro também gerou repercussão no Congresso Nacional. A deputada federal Perpétua de Almeida (PCdoB-AC) apresentou requerimento para destituir o filho 03 de Bolsonaro do cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. “Uma instituição que se deve dar ao respeito, não pode permitir que seus membros achincalhem outros países prejudicando históricas relações”, disse a parlamentar no Twitter. Para Fausto Pinato, destituir Eduardo é um gesto importante a ser feito pelo Congresso. “É um gesto importante que o Congresso poderia fazer. Até porque, o presidente Davi Alcolumbre e o presidente Rodrigo Maia, nos momentos mais insanos da família Bolsonaro, sempre demonstraram uma postura a cautelosa e equilibrada, para não deixar o país ir mais ao fundo do poço. Entendo que seria uma resposta do Congresso Nacional. Bolsonaro perdeu tanto a credibilidade, dentro e fora do país, que destituir Eduardo da comissão é o mínimo que o Legislativo poderia fazer para mostrar que o Parlamento não concorda com tamanha insanidade”, afirma.
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