Planalto entra em campo e enquadra bancada do PT para evitar dissidências na votação do arcabouço fiscal

Em reunião com articuladores políticos, Lula deu um recado claro: não aceitará emendas ao texto nem racha no partido; caciques aguardam relatório de Cláudio Cajado (PP-BA) para discutir os próximos passos

  • Por Caroline Hardt
  • 15/05/2023 18h16 - Atualizado em 15/05/2023 18h19
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PAULO BOMTEMPO/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Lula Lula se reuniu com ministros e líderes do governo para discutir a proposta na manhã desta segunda-feira, 15

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em campo e enquadrou a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, às vésperas da votação do novo arcabouço fiscal. O mandatário se reuniu nesta segunda-feira, 15, com ministros responsáveis pelas articulações do Planalto e lideranças no Congresso Nacional para cobrar apoio irrestrito à matéria, de autoria do ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) e relatada pelo deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA). No encontro, segundo apurou o site da Jovem Pan, o aviso ficou claro: o governo não aceita rachas na votação e não quer emendas ao texto. Porém, persistem as resistências entre membros da bancada petista, especialmente às mudanças que ainda podem ser apresentadas por Cajado. Entre os pontos considerados inegociáveis pelos caciques do partido estão, por exemplo, o contingenciamento bimestral de recursos e a valorização do salário-mínimo – uma das pautas mais reivindicadas pelas centrais sindicais e pela militância pró-Lula.

As negociações com a base petista são encabeçadas sobretudo pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), líder da bancada, e por José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara. Nas redes sociais, Guimarães publicou que estava em reunião com a bancada sobre o novo regime fiscal. “Vamos juntos pelo desenvolvimento social e econômico do Brasil”, escreveu no Twitter. Aliados ouvidos pelo site da Jovem Pan afirmaram que o tom do encontro não é de cobrança direta, mas a mensagem é de que aguardam uma unidade nos votos. “Eles esperam que todos votem a favor, mas alguns parlamentares manifestaram que precisam saber o que estará texto”, disse um interlocutor à reportagem. Na prática, embora não haja uma cobrança individual dos deputados, o clima é de tensão. Isso porque a dissidência na votação do marco fiscal, considerada a primeira pauta de relevância do governo (e uma das prioridades do governo Lula 3), pode levar à perda de prestígio, de cargos e de espaço no grupo do governo. “Todos aguardam o relatório [do Cajado] para saber os próximos passos”, comentam aliados.

Inicialmente, o cronograma do novo marco fiscal previa a apresentação final do texto na semana passada. Entretanto, após pedidos de Haddad – alvo de fogo amigo em razão da matéria – a apresentação formal deve acontecer nesta segunda. Segundo o ministro da Fazenda, as negociações seguem até o início desta noite para ajustar as demandas com os parlamentares no Congresso Nacional. Às 19 horas, Haddad deve se reuniu mais uma vez com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o relator da matéria, Cláudio Cajado, para quer debater e finalizar a proposta. “Vamos até o final do dia com isso aqui para acertar os detalhes. Estamos trabalhando. O presidente Arthur Lira só quer divulgar o texto depois que todos os líderes estiverem informados sobre o conteúdo. (…) No final do dia teremos uma nova rodada de negociações, mas tudo indica que [o texto] será finalizado ainda hoje. Colocamos o presidente a par dos detalhe. É pouca coisa que está em aberto”, disse o ministro da Fazenda.

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