Prévias do PSDB: Doria diz que não houve compra de votos e quer terceira via contra ‘extremismos de Lula e Bolsonaro’
Em coletiva, governador de São Paulo e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio também foram questionados sobre crise que atinge o partido e retomada da votação
Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, 23, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), negou que tenha havido compra de votos no processo de prévias do PSDB e defendeu a consolidação de uma terceira via que possa se contrapor aos “extremismos de Lula e Bolsonaro“. O gestor paulista e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto foram questionados sobre a crise interna do partido e o que deve ser feito para “desbolsonarizar” a sigla. A votação para a escolha do pré-candidato tucano à Presidência da República nas eleições de 2022 foi iniciada no domingo, 21, mas foi suspensa após o aplicativo desenvolvido pela Fundação de Apoio a Universidade do Rio Grande do Sul (Faurgs) apresentar instabilidade. O processo deve ser retomado nas próximas horas, segundo estimativa do prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, representante da campanha de Doria.
“Considero que as prévias são um ativo do PSDB, é o único partido que teve coragem de fazer as prévias. Questões partidárias existem em todos os partidos. A vantagem do PSDB é que ele é um partido sem dono. E continuará sendo. Os filiados indicarão o candidato. Isso legitima [o processo], ainda que haja posições contrárias. Há posições contrárias porque este não é o partido de um dono, onde um manda e o outros obedecem. Nós respeitamos o Eduardo Leite, não desrespeitamos o governador. Ele não é nosso inimigo, compreendemos a sua luta, seus anseios. O processo democrático exige humildade, compreensão e tolerância. O escolhido terá legitimidade para empreender o bom diálogo com dirigentes e pré-candidatos de outros partidos com vista a termos, no ano que vem, um nome que possa cristalizar, se possível, esta terceira via, para que represente a melhor via, que é estar distante dos extremismos de Lula e Bolsonaro”, disse Doria.
O governador de São Paulo também negou veementemente que tenha havido compra de votos durante a campanha tucana e atribuiu as declarações de Eduardo Leite sobre esta possibilidade ao que chamou de “calor de uma prévia”. “Não houve compra de votos, não houve irregularidades. Se tivesse havido, denuncia-se, comprova-se, demonstra-se. Colocações feitas ao sabor e ao calor de uma prévia, prefiro não levar em consideração. Não levei isso em consideração, acho que faz parte mais do calor de uma disputa do que algo que possa merecer atenção mais profunda. Se houvesse isso, o candidato e os representantes de sua campanha já teriam formulado isso para a devida investigação”, afirmou.
No domingo, 21, diante das divergências sobre a continuidade do processo, Arthur Virgílio disse que o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) é uma “maçã podre” que está “estragando” os colegas de partido. Candidato do PSDB à Presidência em 2014, Aécio exerce influência sobre a maior parte da bancada da sigla na Câmara dos Deputados. Nesta terça, Virgílio evitou criticar nominalmente o correligionário, mas afirmou que não vai “abrir mão da luta pela desbolsonarização deste partido”. A maioria dos tucanos na Casa votou com o governo Bolsonaro na tramitação das PECs do voto impresso e dos precatórios. “Era só o que faltava o PSDB fazer um esforço brutal para se recompor diante da opinião publica, e ainda tem muito o que fazer, eu nunca vou abrir mão da luta pela desbolsonarização deste partido, que nasceu com vocação de mudar, e não se muda atrelando o próprio partido ou grande parte dele aos erros e às tolices que todos os dias são praticadas por um governo que, enquanto não acabar, não vai me dar o direito de dormir com tranquilidade. Sinto que tem um desgoverno que precisa ser enfrentado. E enfrentado com um partido unido. Aquele que se furtar a ajudar o vitorioso a fazer a sua campanha, não é um tucano de verdade. Pode estar com todas as intenções, menos as boas”, disse o ex-senador nesta terça-feira, 23.
Em outro momento da coletiva, Arthur Virgílio Neto sugeriu que os “tucanos bolsonaristas” sigam o presidente Jair Bolsonaro e tentem acertar sua filiação ao Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto, preso e condenado no escândalo do Mensalão. “Esses bolsonaristas [do PSDB], eu fiquei louco quando soube disso. Meu partido tem uma bancada bolsonarista? Tem tanto partido para se abrigar. Se Bolsonaro vai para o PL, do Costa Neto, vai junto. A gente faz até carta dizendo ‘pega que o rapaz é bom’. Mas para nós, aqui, não serve. Eu quero qualidade, crescer a partir da qualidade. [O partido] Não vai engordar, tem que ficar musculoso e forte”, avaliou.
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