Quase R$ 2 bilhões do Auxílio Brasil foram pagos indevidamente, aponta CGU
Auditoria aponta que grande parte dos pagamentos feitos no período das eleições de 2022 foi para pessoas que não deveriam estar entre beneficiários
A Controladoria Geral da União (CGU) divulgou nesta sexta-feira, 22, uma auditoria que aponta o pagamento de R$ 1,97 bilhão indevidos em benefícios do Auxílio Brasil pelo governo Jair Bolsonaro (PL) durante o período eleitoral. Os valores referem-se aos auxílios pagos a caminhoneiros e taxistas. Segundo o controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, no período entre agosto e o segundo turno das eleições, 3,7 milhões de pessoas foram impactadas diretamente com benefícios pagos de maneira indevida. “No caso do auxílio caminhoneiro foram 110 mil beneficiários fora do perfil, e foram gastos R$ 582 milhões. O equivalente a 27% das pessoas que receberam o auxílio caminhoneiro mas não deveriam receber. No caso do táxi, 246 mil beneficiários: 78% fora do perfil adequado para receber o auxílio, segundo as próprias regras criadas por eles (governo Bolsonaro) para assegurar o auxílio. Estamos falando aqui de pessoas que, inclusive, nem carteira de habilitação tinham e receberam o auxílio taxista, no valor indevido de R$ 1,4 bilhão”, disse o CGU.
O levantamento aponta ainda que 93% dos empréstimos consignados do Auxílio Brasil concedidos pelo governo Bolsonaro foram pagos entre os dois turnos das eleições de 2022. O relatório foi enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A auditoria lista cerca de R$ 8 milhões em descontos indevidos sobre benefícios de famílias do programa. Segundo a CGU, pelo menos 56 mil famílias foram impactadas pelas falhas. Durante a apresentação da auditoria, Vinícius Carvalho mostrou que cerca de três milhões de pessoas contrataram o empréstimo do consignado com valor médio de R$ 2567,52. Segundo o titular da CGU, 5105 contratos foram aprovados com margem superior a 40% do valor-base do Auxílio Brasil. Na avaliação de Carvalho, os auxílios e demais condições criadas às vésperas das eleições tiveram impacto direto em diversas pessoas.
“De agosto até o segundo turno, foram pagos 84% dos auxílios criados em 2022, o que corresponde a R$ 9,77 bilhões de um total de R$ 11,65 bilhões pagos e 3,7 milhões de beneficiários impactados. O que a gente pode dizer é que só no período eleitoral, falando só do impacto direto, esses auxílios criados de maneira inusitada e próximo ao período eleitoral, estamos falando de 3,7 milhões pessoas diretamente impactadas”, afirmou.
A CGU vai encaminhar a auditoria ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a Corte avalie se houve eventuais crimes eleitorais ou abuso de poder politico nas eleições. A controladoria também vai monitorar providências tomadas pela Caixa e pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para recuperação dos recursos pagos indevidamente e fazer uma análise de apuração de responsabilidade com relação a desvios que possam ter sido cometidos.
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