Sucessão de Maia na Câmara causa divisão interna no PSB

Ao menos 15 integrantes da bancada do partido não concordam com adesão da sigla ao bloco do atual presidente da Casa e pedem nova reunião para debater decisão

  • Por André Siqueira
  • 21/12/2020 16h01
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Antônio Cruz / Agência Brasil Alessandro Molon Na sexta-feira, 18, PSB foi um dos partidos que anunciou adesão ao bloco de Maia, formado pensando na eleição de fevereiro de 2021

Na sexta-feira, 18, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) anunciou a expansão de seu bloco, formado pensando na eleição para a presidência da Casa, marcada para fevereiro de 2021. Além dos partidos de centro e centro-direita, como DEM, MDB, PSDB, PSL, Cidadania e PV, passaram a integrar o grupo do parlamentar os partidos de esquerda, como PT, PCdoB, PDT, Rede e PSB. O último, porém, vive uma crise interna, causada pela decisão da legenda em se unir ao atual comandante da Câmara. Deputados federais ouvidos pela Jovem Pan afirmam que não houve consulta prévia e cobram da direção do partido uma nova reunião para debater o assunto.

A cisão interna não é uma novidade no PSB. Como a Jovem Pan mostrou, em uma reunião virtual, na quarta-feira, 9, a bancada do PSB aprovou um indicativo de apoio a Arthur Lira, líder do PP na Câmara e candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro – dos 31 deputados, 18 manifestaram apoio ao líder do Centrão. Na sexta-feira, 11, porém, o Diretório Nacional do partido decidiu, por unanimidade, não endossar o nome de Lira. Naquela ocasião, a bancada já se mostrava dividida. Um dos parlamentares que se posicionou a favor de Lira avalia que, dos nomes colocados ou cogitados, todos possuem alguma relação com o Palácio do Planalto. “O MDB tem dois líderes, o do Senado e do Congresso. O DEM tem ministérios importantes, como o da Agricultura. O deputado Aguinaldo Ribeiro [PP-PB] é líder da maioria. Pastor Marcos Ribeiro é do Republicanos, onde estão os filhos do Bolsonaro”, disse. Presidente nacional do MDB, Baleia Rossi é um dos nomes favoritos de Rodrigo Maia, ao lado de Aguinaldo Ribeiro. Vice-presidente da Câmara, o deputado federal Marcos Pereira rompeu com Maia e anunciou apoio a Lira. Um integrante da ala que é contra o apoio a um nome ligado a Bolsonaro disse à reportagem que uma eventual adesão à “candidatura bolsonarista” seria “um absurdo” e racharia a oposição.

Em uma carta enviada ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, um grupo de 15 parlamentares afirma que “o DNA das forças conservadoras e vinculadas ao Governo Bolsonaro está presente nas candidaturas apresentadas até o momento, seja nas já definidas como também nas outras que ainda sequer foram anunciadas do campo conservador”– um dos signatários da carta é o deputado federal João Campos (PSB-PE), eleito prefeito de Recife nas eleições municipais deste ano. Os deputados também pedem uma nova reunião da bancada para debater o assunto. A votação para a presidência da Câmara é secreta, e os dois grupos, o de Maia e o de Lira, contam com este componente para angariar a maior quantidade de votos nos partidos nos quais não há consenso interno.

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