União Brasil ensaia voo solo com candidatura de Bivar, mas convive com desconfiança e divisão interna

Postulação do presidente nacional da sigla é vista como forma de evitar rompimento com governo Bolsonaro; impasse sobre vice envolve Moro e senadora de primeiro mandato

  • Por André Siqueira
  • 05/05/2022 20h30 - Atualizado em 05/05/2022 20h50
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ESTADÃO CONTEÚDO Luciano Bivar Com 1% nas pesquisas de intenção de voto, Bivar foi lançado como candidato à Presidência no início de abril

No vídeo em que oficializou o desembarque da chamada terceira via, o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, afirma que a sigla deixou o bloco formado por MDB, PSDB e Cidadania, porque as demais legendas “não tiveram a mesma unidade” que o seu partido tem. O dirigente partidário também disse que o União lançará uma “chapa pura” para a eleição presidencial. Ou seja, o posto de vice-presidente será ocupado por um correligionário. O discurso otimista de Bivar contrasta com a realidade da nova agremiação política, que nasceu da fusão entre DEM e o PSL e terá quase R$ 1 bilhão em verbas dos fundos partidário e eleitoral.

O primeiro grande desafio de Bivar – e de todos os outros postulantes da terceira via – é se tornar um candidato competitivo. Oficializado pelo União Brasil como candidato à Presidência na primeira quinzena de abril, o deputado federal aparece com 1% nas pesquisas de intenção de voto. Dentro do partido, há quem ironize as pretensões do cacique, que, na avaliação de parlamentares ouvidos pela Jovem Pan, teria dificuldades para se reeleger para um novo mandato na Câmara dos Deputados pelo Estado de Pernambuco. Outra ala da nova sigla interpreta a empreitada como uma forma de manter a boa relação com o governo Bolsonaro. O líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento, indicou Marcelo Moreira Pinto para a presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a “estatal do Centrão”. Eleito para o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, o deputado Arthur Maia (BA) também é próximo ao Palácio do Planalto. Por isso, há quem acredite que o União vai se juntar ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Há, ainda, um impasse sobre o nome que será escolhido para a chapa de Bivar. A ala do partido ligada ao PSL, que abrigou Bolsonaro em 2018 e rompeu com o mandatário do país no final de 2019, trata o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro como um “trunfo” – antes de deixar o Podemos e abrir mão da candidatura presidencial, Moro pontua pontuava entre 6% e 9% nas pesquisas. Um dos entusiastas desta configuração é o deputado federal Junior Bozzella (SP), que já afirmou que o ex-magistrado é um “soldado do partido” com grande capital político. Se depender dos egressos do Democratas, porém, essa ideia não sairá do papel.

Horas depois de Moro assinar sua ficha de filiação ao União Brasil, aliados do ex-prefeito de Salvador e ex-presidente nacional do DEM ACM Neto divulgaram uma nota na qual afirmavam que o ingresso do ex-juiz na sigla foi condicionado ao compromisso de desistência dele da disputa presidencial. O tesoureiro da legenda em São Paulo, deputado federal Alexandre Leite, afirmou que o ex-ministro do governo Bolsonaro havia concordado em brigar por uma vaga no Senado, na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa do Estado. O grupo de ACM, segundo apurou a Jovem Pan, defende que a senadora Soraya Thronicke (MS), eleita em 2018, seja a escolhida para a vice de Bivar. O cabo de guerra nos bastidores indica que a união do partido está apenas no nome.

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