A ponderada Merkel alfineta os EUA e pede união europeia

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 29/05/2017 15h21
Munich (Germany), 28/05/2017.- Germany's Christian Democratic Union (CDU) party chairwoman and German Chancellor Angela Merkel attends an election campaign event of the German Christian Social Union (CSU) party at the 46th Truderinger Festwoche festival week in Munich, Bavaria, Germany, 28 May 2017. (Alemania) EFE/EPA/CHRISTIAN BRUNA (Alemania) EFE/EPA/CHRISTIAN BRUNA EFE/EPA/CHRISTIAN BRUNA Chanceler alemã Angela Merkel durante evento em Munique

Eu ouvi o comentário do Caio Blinder mais cedo no Jornal da Manhã em que ele falava sobre a avaliação do presidente americano, Donald Trump, de que a viagem dele pela Europa foi um grande sucesso. Como o Caio bem ressaltou, só se for no fantástico mundo de Trump mesmo, porque aqui na Europa o sentimento é exatamente o oposto.

Basta ver as palavras da chanceler alemã, Angela Merkel, ontem durante um evento de campanha em Munique. Ela disse que dada a conjuntura atual a Europa não pode mais confiar cegamente nem nos Estados Unidos nem na Grã Bretanha.

Merkel, que costuma ser sempre bem ponderada em suas palavras, usou um tom bem negativo depois dos encontros da OTAN e do G7 que tiveram pela primeira vez a participação de Donald Trump.

Disse que depois das reuniões dos últimos dias ficou claro que a Europa precisa controlar o próprio destino e lutar pelo futuro do continente. É uma declaração que contrapõe o cenário geopolítico do Ocidente que estava muito bem estabelecido desde a Segunda Guerra Mundial.

O que existe no momento é uma fragmentação que coloca os americanos em lados opostos dos interesses, não apenas da Europa, mas do resto do mundo desenvolvido em alguns aspectos importantes, como por exemplo as mudanças climáticas.

Trump está claramente aberto a possibilidade de abandonar o acordo que foi firmado a duras penas para reduzir a emissão de carbono e tentar controlar de alguma forma o aquecimento global. Merkel chegou a dizer que as reuniões do G7 estavam mais para G6 contra um. No caso o um era o Donald Trump.

O que também explica o tom mais negativo de Merkel é o fato do colega dela da Casa Branca ter feito ataques diretos a Alemanha e sua postura no comércio internacional, com argumentos no mínimo infantis, como ele costuma fazer, dizendo, por exemplo, que a Alemanha vende muito carro para os Estados Unidos e que o comércio exterior alemão é ruim, muito ruim.

A diplomacia da quinta série de Donald Trump definitivamente não caiu bem aqui na Europa.

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