Por rebelião e ataques, Polícia Civil abre inquérito contra 17 pessoas no RN

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 22/01/2017 19h39
EFE Por rebelião e ataques

No fim da tarde deste domingo (22), a Polícia Civil do Rio Grande do Norte informou que 17 pessoas são alvo de inquérito por estarem envolvidas de forma direta ou indireta na guerra entre facções na Penitenciária de Alcaçuz, que tiveram início no último dia 14. Entre os apreendidos, dois são adolescentes.

Cinco chefes de uma facção criminosa foram retirados do presídio para serem interrogados pelos oficiais. Eles podem ser os responsáveis pela rebelião que culminou na morte de 26 detentos.

Fora da prisão, outras 12 pessoas foram detidas por ações ligadas ao ataque e também outras ocorrências. Um dos presos é acusado de grava e divulgar vídeos com ameaças à sociedade e policiais. Outros três são suspeitos de planejarem ataques na cidade de Parelhas.

Os policiais também revelaram que um suspeito de atear fogo na garagem da prefeitura de São Paulo do Potengi e três por atirar contra um ônibus no Parque dos Coqueiros, em Natal.

Muralha

O Batalhão de Choque da Polícia Militar voltou a entrar em Alcaçuz, na manhã do último sábado, agora para começar a construção do muro para separar as facções criminosas dentro da prisão. Desde a noite da sexta, já chegavam ao presídio caminhões com materiais de construção, além de contêineres, cada um com 12 metros, que devem compor estrutura emergencial. A situação na prisão, cujos detentos estão rebelados desde o dia 14, estava aparentemente calma ontem.

A muralha anunciada pelo governo do Estado deverá separar os pavilhões 1, 2 e 3 de 4 e 5. Os primeiros são ocupados por presos ligados ao Sindicato do Crime e os últimos, pelos detentos do P em 15 dias. Serão usados blocos de seis metros de altura, para ficar do mesmo nível dos muros de Alcaçuz.

Questionado sobre ações para retomada do controle nos pavilhões, o comandante-geral da Polícia Militar, André Azevedo, ressaltou o risco envolvido na operação. “Alcaçuz é uma das maiores penitenciárias do Brasil em extensão territorial e está destruída. Por mais que as armas sejam retiradas, qualquer pedaço de ferro, de grade, vira uma arma.”

O assessor de relações institucionais da 7ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, em Natal, coronel Erland Mota, dava as primeiras informações, anteontem, sobre a atuação das Forças Armadas na cidade, enquanto tentava resumir: “Olha, vai funcionar exatamente como da outra vez, em agosto”. Como naquela ocasião, a articulação nas ruas da facção Sindicato do Crime (SDC) forçou a volta dos homens de farda camuflada ao patrulhamento da capital.

Reagindo a uma transferência de 220 integrantes, após a chacina de 26 presos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, o SDC deflagrou ataques pela capital e dez cidades do interior, com ônibus queimados e bases da polícia alvejadas, e voltou a demonstrar força, mesmo acuado pelos rivais do Primeiro Comando da Capital (PCC), responsáveis pelo massacre dentro do presídio.

Mesmo com o reforço do Exército nas ruas, um carro foi incendiado na madrugada de sexta, no bairro de Felipe Camarão, zona oeste. Ninguém foi preso. Em negociação com órgãos de segurança, empresas e funcionários do transporte público haviam se comprometido a voltar a circular, mas com a frota reduzida.

Nem duas operações, deflagradas pela polícia e pelo Ministério Público no ano passado, com a transferência de membros para presídios federais, representaram abalo significativo à estrutura da organização. Especialistas veem esse fator com preocupação, uma vez que o cenário de insegurança pode repetir-se mesmo com o eventual controle de Alcaçuz, rebelada desde a semana passada.

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