Poroshenko acusa rebeldes de lançarem mísseis contra sede do Estado-Maior

Kiev, 10 fev (EFE).- O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acusou nesta terça-feira as milícias pró-Rússia de atacarem com mísseis Tornado a sede do Estado-Maior das forças governamentais enviadas ao leste do país.

“Há 25 minutos foi atacado nosso Estado-Maior em Kramatorsk (região de Donetsk) com plataformas de lançamento de mísseis Tornado”, denunciou Poroshenko durante discurso no parlamento ucraniano.

De acordo com o presidente, que citou informações do Ministério do Interior do país um segundo ataque de mísseis dos rebeldes caiu em uma zona residencial de Donetsk, matando uma pessoa e deixando vários feridos. Outras fontes locais falam em pelo menos três mortos, entre soldados e civis.

Um dos mísseis atingiu um aeroporto militar, incendiando o local e afetando outros edifícios e lojas próximas. Outro caiu perto de um centro comercial de Kramatorsk, antigo reduto pró-Rússia tomado em meados de 2014 pelas forças leais a Kiev.

Testemunhas confirmaram à imprensa local o impacto de vários mísseis sobre a cidade, onde estão mobilizados soldados que não participam dos combates contra os insurgentes. Segundo Poroshenko, a região “era, em princípio, uma zona segura”.

A acusação do presidente ucraniano foi rejeitada pelos rebeldes. A autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD) aproveitou e fez críticas sobre a conduta das forças governamentais.

“Não atacamos Kramatorsk. Nós não disparamos contra as cidades, onde se encontra a população civil, ao contrário da Ucrânia. Isso é uma provocação”, ressaltou um porta-voz insurgente.

O porta-voz afirmou que Kramatorsk está fora do alcance das plataformas de mísseis em poder dos rebeldes, que não teriam como atingir a cidade a partir das atuais posições por causa de limitações técnicas.

Por outro lado, o Ministério da Defesa da Ucrânia informou hoje que as forças governamentais ainda controlam a cidade de Debaltsevo, depois de os insurgentes terem anunciado que cercaram no local cerca de 6 mil militares ucranianos.

“A situação é complexa, mas controlável. Estamos enviando reforços e armamento pesado para a região”, disse o ministério em comunicado sobre Debaltsevo, um importante entrocamento ferroviário entre Donetsk e Lugansk.

Além disso, o comunicado afirma que os ataques das milícias foram repelidos pelas forças ucranianas, que “infligiram duros golpes aos terroristas”. E acrescenta que a estrada que une Debaltsevo e Artiomovsk, única via de abastecimento das tropas que estão na zona, foi desbloqueada.

Os combates coincidem com o reatamento das negociações entre Kiev e os separatistas com mediação de Moscou e da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

O encontro é considerado uma etapa prévia à reunião que será realizada amanhã na capital da Bielorrússia entre os líderes da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França para conseguir uma solução duradoura para o conflito no leste ucraniano.EFE