Portador de epilepsia é linchado na Bolívia após ser confundido com ladrão

  • Por Agencia EFE
  • 10/06/2014 12h38
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La Paz, 10 jun (EFE).- Um homem de 35 anos que sofria ataques de epilepsia foi linchado por uma multidão na cidade Sipe Sipe, no centro da Bolívia, que o confundiu com um ladrão e o enforcou em uma trave de futebol, informaram nesta terça-feira fontes policiais.

O assassinato de Edson Siñani Huallas, divulgado nesta terça-feira, aconteceu durante a madrugada do domingo, quando aparentemente o homem sofreu um ataque de epilepsia, foi confundido e invadiu uma casa de Sipe Sipe, cidade para onde viajou da vizinha Vinto, onde vivia.

“Após um episódio ou ataque (de epilepsia), às vezes ele entrava em casas, mas não é ladrão, pedimos que punam os assassinos”, disse uma familiar de Siñani ao jornal “Opinión” de Cochabamba, próxima ao local do crime.

Os familiares apresentaram às autoridades documentos que atestam que Siñani tinha epilepsia.

A Força Especial de Luta Contra o Crime (Felcc) da cidade vizinha de Quillacollo deteve quatro suspeitos de instigar o crime, que serão apresentados às autoridades nas próximas horas.

Os detidos viviam na casa em que Siñani entrou e foram os que o entregaram à multidão, segundo os veículos de imprensa.

O coronel Yuri Tapia, da Felcc, afirmou à imprensa que os agentes demoraram a retirar o corpo da vítima por oposição dos moradores do lugar.

Os linchamentos de suspeitos de crime na Bolívia são frequentes, especialmente na zona rural andina e na região central e, segundo advertiram os juristas, mostram que no país ainda rege a “justiça” pelas próprias mãos.

Os grupos assassinos sempre argumentam que aplicam a justiça comunitária, reconhecida na Constituição do país, mas as autoridades bolivianas e os organismos internacionais como as Nações Unidas mostraram sua preocupação com as ações criminosas, porque o conceito de justiça indígena não estabelece a pena de morte.

Segundo organizações de direitos humanos, na Bolívia acontecem entre dez e 20 casos de linchamentos por ano, além de tentativas que não chegam a se consumar. EFE

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