Praia chinesa declara guerra ao nudismo
Tamara Gil.
Pequim, 12 fev (EFE).- Os banhistas da ilha tropical de Hainan, no sul da China, tiveram uma surpresa nestes dias quando, de repente, estendidos em suas toalhas para tomar sol, um grupo de militantes os despertaram de seu descanso na praia, com uma mensagem: “A partir de agora, o nudismo está proibido”.
“As pessoas normais não se banham ou tomam sol sem roupa”. Essa frase foi usada pelo secretário provincial do Partido Comunista em Hainan, Luo Baoming, para posicionar o exército pelas praias mais frequentadas da ilha, com o objetivo de prevenir cidadãos e turistas das novas consequências que acarreta o nudismo.
A razão? Algumas imagens que enojaram alguns locais, registradas durante as recentes férias de Ano Novo chinês, e que circularam pela internet nas quais se via uma praia de Hainan coberta por um numeroso grupo de cidadãos -principalmente homens de média idade- sem roupa.
“A página onde as fotos foram publicadas atraiu 17 mil visitas em meio dia. Esse comportamento é imoral para a cultura chinesa e não deveria ser permitido”, considerou o chefe provincial do Partido, que não pensou duas vezes para lançar uma nova campanha contra o nudismo. E chamar os militares para que fosse aplicada.
Dezenas de soldados ficaram postados nos pontos de maior frequência do litoral para entregar a cada um dos banhistas panfletos sobre a nova “guerra” declarada ao nudismo, na qual se anunciava o novo status quo: de cinco a dez dias de detenção para todo aquele que fique nu em público.
Além de aprovar novas penas, o governo provincial criou uma patrulha especializada em “buscar potenciais nudistas” e anunciou a instalação de câmeras nos pontos mais frequentados do litoral, assim como alto-falantes com os quais lembram a proibição desta “incivilizada” prática, apesar de não ser algo novo.
O nudismo começou a aparecer nesta ilha em 2002, quando um grupo de cidadãos se atreveu a ficar nu para tomar sol e entrar no mar, mais por temas de saúde que por pura exibição.
Os chineses que se somaram a esta tendência consideram que a exposição direta do corpo aos raios solares e à água do mar pode curar algumas doenças como a psoríase.
Foram os pioneiros. As áreas de nudismo nesta ilha começaram a aumentar de número, assim como os presentes nas mesmas -até 400 em um dia ensolarado- sob o atento, mas permissivo, olhar das autoridades, apesar de nunca ter se estendido a outras partes do país asiático dada a cultura conservadora imperante e a conhecida pouca afeição ao bronzeado da maioria dos chineses.
É precisamente esse conservadorismo que levou as autoridades de Hainan a começar o ano do Cavalo com uma campanha contra o nudismo motivado, segundo alguns especialistas, pela publicação e o sucesso de fotografias que revelam a habitual prática do nudismo em suas praias.
Perante esta nova situação, a opinião pública ficou dividida entre os que veem com vergonha o nudismo, considerando uma espécie de “assédio” rumo aos demais -especialmente para crianças-, e os que acham que evidencia a “modernização” de uma nova China “mais liberal e internacional”.
“Nem todas as tradições importadas do exterior se adaptam à nossa cultura”, criticava um cidadão de Hainan que apoiou a última decisão do governo perante meios de comunicação locais, enquanto um opositor tachava as autoridades de “intolerantes”.
“A proibição prejudicará a reputação da ilha, principal destino turístico da China”, sustentavam alguns banhistas, que propunham ao governo que, em vez de lançar mão da repressão, buscassem uma solução “mais aberta”.
Como criar uma praia “especial” em Sanya, para não despejar os poucos chineses que tiram suas roupas em um lugar no qual possam se cuidar “ao natural” e se libertar. EFE
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