Praias italianas, um prazer particular
Laura Serrano-Conde.
Roma, 19 jul (EFE).- Desfrutar de um dia na praia e tomar banho nas águas do Mar Mediterrâneo é, na Itália, um prazer muitas vezes pago, pois a maior parte de suas costas são controladas por hotéis e empresas privadas que cobram taxas para quem quer pisar na areia.
Ao contrário de países como França ou Espanha, onde os turistas podem desfrutar da praia de forma gratuita por se tratar de um espaço público, na Itália as prefeituras outorgam concessões a empresas para que administrem trechos das praias.
Em troca do pagamento, estes hotéis e empresas têm permissão para controlar os chamados “estabelecimentos balneários”, que são zonas de praia nas quais prestam um serviço em troca de uma tarifa. A utilização das redes e das sombrinhas é paga, como também tem um custo o consumo de comidas e bebidas e a utilização dos banheiros.
Até aqui, o sistema é parecido com o de outros países. No entanto, estes estabelecimentos cobram inclusive para colocar um pé na areia e não permitem o acesso de nenhuma pessoa que não pague, mesmo que leve sua própria toalha e seu guarda-sol.
Também não é permitido utilizar as cadeiras e nem se banhar no mar sem pagar a taxa, que varia de 5 a 30 euros, dependendo da região do país.
Por exemplo, a cidade de Castiglione della Pescaia outorga, a cada ano, diversas concessões ao longo de sua praia de 12 quilômetros. Nesta zona litorânea da Toscana, seis quilômetros são de acesso privado, e outros tantos público.
“As empresas controlam espaços de 60 a 120 metros, e cobram um preço que ronda os 20 euros, dependendo do estabelecimento”, explicou à Agência Efe a assessora de Ambiente do município de Castiglione della Pescaia, Elena Nappi.
Esta taxa, prosseguiu Nappi, serve para pagar os serviços de hotelaria e restaurante que oferecem a seus clientes, além da limpeza da praia e a segurança.
Na praia de Pluto, em Veneza, o preço das sombrinhas e cadeiras na primeira linha chega a 22 euros. Por sinal, essa praia tem uma peculiaridade. “Só podem ir a ela pessoas com cachorros”, afirmou à Agência Efe a responsável, Franca Piacenza.
Além dos serviços frequentes, este estabelecimento oferece a possibilidade para os cachorros desfrutarem de um refrescante sorvete, sem açúcares, ou relaxar nas cadeiras feitas exclusivamente, para eles, que podem ser tanto individuais como duplas.
Na Itália há “269 praias com bandeira azul, administradas por 85 cidades”, afirmou à Agência Efe o presidente da Fundação de Educação Ambiental (FEE)” na Itália, Claudio Mazza.
Apesar de a maioria ser privada, a lei estabelece que todas as praias devem reservar um espaço de acesso público, onde limpeza, vigilância e manutenção dependem das cidades.
No entanto, estas praias públicas nem sempre são de fácil acesso, ficam em lugares com rochas ou apresentam um aspecto pior que o dos balneários.
“As particulares estão em muito bom estado porque, senão, as concessões podem ser retiradas. No entanto, as públicas são mais sujas porque a limpeza depende das cidades e, pela crise, carecem de recursos”, comentou à Agência Efe o responsável do setor de oceanos da organização ambientalista Legambiente, Sebastiano Venneri.
A este problema se soma o de “um sistema deficiente de depuração de água” de muitas cidades e que, segundo Venneri, causa uma alta contaminação de água do mar, especialmente no sul do país.
“No país, 117 cidades não utilizam sistemas adequados de depuração de água, especialmente no sul. A região da Calábria tem uma depuração verdadeiramente decadente. Em algumas zonas litorâneas da Sicília e no Porto Cesareo ocorre o mesmo”, afirmou.
“Há 25 anos, regiões como a Calábria e Sicília não faziam análise de água e nem utilizavam sistemas de depuração. Isso felizmente está mudando, embora ainda seja necessário fazer um maior esforço”, concluiu. EFE
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