Prefeito destituído de Bogotá pede uma Assembleia Nacional Constituinte

  • Por Agencia EFE
  • 20/03/2014 00h04

Bogotá, 19 mar (EFE).- O prefeito destituído de Bogotá, Gustavo Petro, pediu nesta quarta-feira a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte após a decisão do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, de não acatar o pedido da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) de mantê-lo no cargo.

“Quero todos os comitês pela constituinte organizados em todos os bairros de Bogotá, nas universidades, em todos os municípios da Colômbia, em todas as vilas do país”, disse Petro da sacada da Prefeitura minutos antes de deixar o edifício.

O ex-guerrilheiro, eleito prefeito por voto popular para o período 2012-2015, também convocou uma “greve nacional e uma greve civil pacífica” para “obrigar a oligarquia a convocar a constituinte e fazer a paz”.

A Procuradoria Geral da Nação ditou no dia 9 de dezembro a destituição e inabilitação por 15 anos de Petro pela suposta má gestão de uma crise de coleta de lixo ocorrida no final de 2012 quando mudou esse serviço de mãos privadas para públicas.

Diante de milhares de simpatizantes reunidos na Praça de Bolívar de Bogotá, o prefeito destituído insistiu na “ação pacífica” do povo e a não “expô-la a violência” por causa da decisão tomada pelo presidente.

“Sei que neste momento o mais fácil seria uma revolta violenta. Mas essas pessoas não merecem isso, eles não têm moral e não são capazes de respeitar o voto. Não quero que nossos filhos vejam que fomos nós os responsáveis pela violência”, disse Petro ainda na sacada do Palácio Liévano, a sede da Prefeitura.

Petro, que foi guerrilheiro do M-19 em sua juventude, constatou que Santos rompeu com uma tradição histórica dos presidentes colombianos de acatar as decisões do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH), integrado pela CIDH e a Corte Interamericana (CorteIDH).

“O único presidente que rejeitou as medidas é o atual presidente”, afirmou Petro, que destacou que nem o ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que é acusado por diversos setores de graves violações dos Direitos Humanos, “se atreveu a desconhecer uma única medida cautelar expedida pelo SIDH”.

“Nesse momento, o presidente Juan Manuel Santos não ficará marcado na história por trazer a paz para a Colômbia, mas por ter sido alguém que ajudou a destruir o SIDH das Américas. Um triste papel na história”, acrescentou.

Nesse sentido, Petro anunciou que comparecerá à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) para tentar restituir seus direitos políticos.

Petro também anunciou um giro por todo o país que começará em Barranquilla, no norte, para convocar a Assembleia Nacional Constituinte.

Além disso, o prefeito destituído se pronunciou sobre as eleições presidenciais do próximo dia 25 de maio: “Eu não posso lhes dizer para votarem por este ou aquele. O voto na Colômbia não serve. Isso é que nos mostra a história”, sentenciou.

Após uma maratona de 100 dias por tribunais colombianos, Petro não conseguiu evitar sua destituição, assinada hoje pelo presidente Santos, que nomeou o atual ministro do Trabalho, Rafael Pardo, como prefeito interino da capital. EFE

at/rpr

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