Presas por dirigir, 2 mulheres sauditas serão julgadas por tribunal especial

  • Por Agencia EFE
  • 25/12/2014 22h07
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Cairo, 25 dez (EFE).- Duas sauditas que foram detidas semanas atrás por conduzir automóveis serão julgadas por um tribunal especial para casos de terrorismo na Arábia Saudita, o único país do mundo que proíbe essa prática às mulheres, informaram ativistas nesta quinta-feira à Agência Efe.

O chefe do grupo de direitos humanos especializado na Arábia Saudita ALQST, Yahya Asiri, disse por telefone que uma corte da província de Al Ahsa, no leste do país, considerou que não estava especializada para esse tipo de delito e decidiu transferir o caso a um tribunal especializado.

O ativista explicou que as autoridades judiciais estão aplicando a nova lei antiterrorista, segundo a qual devem ser julgadas aquelas pessoas que prejudiquem a reputação do país.

A nova lei antiterrorista da Arábia Saudita entrou em vigor em fevereiro deste ano substituindo à anterior, que também tinha sido muito criticada pelas organizações de direitos humanos.

A norma define o delito de terrorismo como “qualquer ato criminoso que de forma direta ou indireta altere a ordem pública, atente contra a segurança da comunidade e a estabilidade do Estado, ou ponha em perigo a união nacional”.

Asiri destacou que na audiência de hoje, a segunda do julgamento, a promotoria e os advogados das duas mulheres rejeitaram essa mudança, e previu que a corte pode pronunciar-se nos próximos dias sobre se aceita ou não levar o processo.

A conhecida ativista Lujain al Hazlul e a jornalista Maysa al Amudi são duas sauditas com carteiras de motorista dos Emirados Arábes Unidos que foram detidas enquanto conduziam dois carros na fronteira entre esse país e a Arábia Saudita.

Segundo a organização Human Rights Watch, Al Hazlul conduziu de Abu Dhabi à fronteira saudita no último dia 30 de novembro e tentou atravessar para seu país natal, onde as autoridades confiscaram seu passaporte e a retiveram.

No dia seguinte, Al Amudi foi de carro até a passagem fronteiriça para entregar provisões a Al Hazlul e também foi detida por oficiais sauditas, que transferiram ambas a dois centros para interrogá-las, de acordo com o testemunho de ativistas.

As duas mulheres tinham pedido na internet o fim da proibição de dirigir para as sauditas, que rege de forma oficial no país desde 1990, e tinham convocado outras pessoas a desafiar a norma.

Nos últimos tempos foram organizadas campanhas nas quais mulheres sauditas saíram para dirigir carros no país e postaram seus vídeos nas redes sociais para denunciar a falta de liberdade.

A Arábia Saudita é regida por uma estrita interpretação da lei islâmica, que impõe a segregação de sexos em espaços públicos e restrições às mulheres para, além de dirigir, viajar para fora do país sem um homem da família. EFE

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