Presidência da Ucrânia tem dois pró-UE como principais candidatos

  • Por Agencia EFE
  • 22/05/2014 18h15

Boris Klimenko

Kiev, 22 mai (EFE).- O multimilionário Petro Poroshenko e a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, alinhados com a integração da Ucrânia à União Europeia, são os principais candidatos que vão disputar a presidência do país no pleito do próximo domingo.

Poroshenko, conhecido como o “rei do chocolate” por suas empresas de doces e bombons, passou de ser praticamente um desconhecido para a opinião pública mundial a se transformar no favorito nas pesquisas.

Às vésperas da votação, a única dúvida para os analistas políticos é ele se será capaz de ganhar no primeiro turno, o que o próprio tentou garantir ao oferecer várias vezes a Tymoshenko que se retirasse da corrida eleitoral em prol da “unidade do povo ucraniano”.

Segundo uma das últimas pesquisas, Poroshenko receberia 54,7% dos votos, 7 ou 8 pontos a mais que em abril, seguido de Tymoshenko, que teria que se conformar com 10% do total.

Tymoshenko, que aparentemente contava com tudo a seu favor, perdeu de vista que os eleitores a associam com os vícios do sistema político contra o qual lutou o movimento popular que derrubou Viktor Yanukovich no dia 22 de fevereiro.

Nem seu inflamado discurso na Praça da Independência de Kiev no mesmo dia que saiu de prisão, nem o poder que acumulam agora em suas mãos dois de seus colaboradores mais próximos (o presidente interino, Alexander Turchinov, e o primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk), conseguiram recuperar sua popularidade.

Muitos de seus correligionários de Batkivshina, o principal partido de oposição a Yanukovich, viam em Tymoshenko uma mártir da engrenagem política liderada pelo ex-presidente, pelos dois anos que passou na prisão condenada por abuso de poder até sair em liberdade no dia 22 de fevereiro.

Tão certo parece Poroshenko de suas chances que se negou a participar de debates na televisão tanto com Tymoshenko como com os demais candidatos, mas ele declarou que aceitará esse formato se houver segundo turno.

O terceiro colocado nas pesquisas é o banqueiro Sergei Tiguipko, ex-assessor eleitoral de Yanukovich, ex-chefe do Banco Central da Ucrânia e militante do Partido das Regiões (PR) do presidente deposto, embora não seu candidato oficial.

Nascido na Moldávia e formado na russófona Dnepropetrovsk, Tiguipko coincidiu com Turchinov nas fileiras das Juventudes Comunistas Soviéticas (Komsomol) nos últimos anos da URSS.

Com Mikhail Dobkin, o candidato oficial do PR, mal nas pesquisas, Tiguipko assumiu o papel de candidato do sudeste russófono do país, onde duas regiões limítrofes com a Rússia (Donetsk e Lugansk) se sublevaram, declararam independência e boicotam a votação deste domingo.

“Para mim, o referendo de 11 de maio (no qual uma arrasadora maioria de eleitores das duas regiões apoiaram a independência) foi um grito da alma do povo para expressar a desconfiança” da população para com as autoridades de Kiev, disse recentemente Tiguipko em Zaporozhie, região vizinha de Donetsk.

Os dois favoritos, Poroshenko e Tymoshenko, sempre apoiaram todas as ações militares contra as milícias pró-Rússia e se manifestaram a favor da integração da Ucrânia tanto à União Europeia como à Otan. Eles também prometeram que porão todo seu empenho em recuperar a Crimeia, anexada pela Rússia após um referendo de autodeterminação realizado na península em março.

Tymoshenko, que passou boa parte da campanha no leste do país, se mostrou mais receptiva com algumas preocupações dessa Ucrânia que se sente mais unida à Rússia, tanto no âmbito econômico como no cultural, e prometeu convocar um referendo para perguntar aos cidadãos sobre a entrada na Otan. EFE

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