Presidenciáveis argentinos aprovam negociação de governo com “fundos abutre”

  • Por Agencia EFE
  • 21/06/2014 14h31

Buenos Aires, 21 jun (EFE).- Os pré-candidatos à presidência da Argentina nas eleições de 2015, Daniel Scioli e Sergio Massa avaliaram positivamente a decisão do governo de Cristina Kirchner de negociar com os fundos especulativos a dívida argentina em moratória, os denominados “fundos abutre”.

Em entrevista à rádio local, os políticos destacaram as palavras de Cristina, que na sexta-feira reiterou a vontade do país de pagar todos os credores, mas pediu garantias para realizar uma negociação “justa e equitativa”.

“As palavras de ontem da presidente foram orientadas no sentido da vontade de pagamento”, por isso “permitem retomar o diálogo para fechar esta ferida que tanto transtorno já causou”, disse Scioli, governador da província de Buenos Aires pela Frente para a Vitória (Fpv), da base do governo.

Scioli se mostrou confiante de que a negociação “vai correr bem” e garantiu que sempre teve a “certeza de que a racionalidade vai se sobressair”.

“A vontade argentina expressada pela máxima autoridade, que é a Chefe de Estado, vai ser escutada e teremos nos próximos dias reuniões de trabalho”, ressaltou.

Já Massa afirmou que a mensagem da presidente “marca uma direção correta”, mas advertiu que será necessária uma tarefa “organizada e séria” para chegar a um acordo.

“Agora é preciso um trabalho sério e profissional, que respeite as normas jurídicas e nos permita construir confiança para o futuro”, disse o líder da Frente Renovadora (FR), de oposição.

Massa apostou por “estabelecer uma comissão bicameral de acompanhamento que funcione não somente como controle, mas como respaldo da negociação. Em alguns pontos há normas locais que parecem contraditórias e é necessário armar uma rede que permita encontrar uma saída”.

O peronista dissidente assinalou que a negociação “tem que servir não só para solucionar o conflito com os credores, mas para cuidar o direito dos que estão com a troca em vigor e cobram sua dívida”.

Cristina disse na sexta-feira da vontade da Argentina de honrar o compromisso com 11% dos credores da dívida, mas pediu garantias para poder negociar em condições “justas e equitativas”.

A presidente se referiu assim ao risco de “default” (moratória) que a Argentina enfrenta por causa da decisão da Suprema Corte americana de manter a sentença do juiz nova-iorquino Thomas Griesa, que tomou uma decisão favorável aos fundos especulativos que detém um percentual da dívida argentina em moratória.

Segundo a sentença, a Argentina terá que pagar aos “fundos abutre”, como o governo de Cristina os chama, uma dívida de US$ 1,3 bilhão que com juros passa do US$ 1,5 bilhão.

A decisão de Griesa complica os pagamentos que a Argentina deve fazer no final deste mês aos credores que fizeram um acordo com o governo sobre as trocas, que já inclui ordens “pari passu (em igualdade de condições)”, que a obriga a pagar simultaneamente todos os detentores da dívida.

Além disso, as transferências financeiras aos Estados Unidos que a Argentina fizer correm o risco de ser embargados por solicitação dos querelantes com sentença a favor.

O governo argentino já antecipou que proporá uma troca dos bônus amparados pela legislação dos EUA que estão nas mãos dos credores que aceitaram reestruturar a dívida, por outros novos, mas sob a legislação argentina, para evitar um possível embargo financeiro e uma nova moratória. EFE

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