Presidente bósnio responsabiliza políticos por protestos sociais
Sarajevo, 7 fev (EFE).- O presidente da Bósnia-Herzegovina, o croata Zeljko Komsic, reconheceu nesta sexta-feira que os protestos no país ocorreram por causa de problemas que se acumulam há anos e culpou por isso a classe política.
“É tudo nossa culpa. Não sei se o poder estatal poderá funcionar, mas deveria tentar. O poder sempre deve funcionar, este ou outro. Porque da anarquia não vem nada bom”, disse o político croata-bósnio, que compartilha o cargo presidencial, chefia colegiada do país, com um sérvio e um muçulmano.
“O povo não chegou (aos protestos) porque odeia alguém ou pela orientação política, ou pelo nome de alguém, mas pela desgraça, miséria e injustiça que lhes oprime com persistência”, acrescentou em declarações a uma televisão local.
Além disso, o presidente rotativo anunciou que foi convocada uma reunião de emergência do grupo presidencial.
Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram hoje em Sarajevo, Tuzla, Zenica, Bihac e dezenas de outras cidades em protesto contra o fechamento de várias fábricas e contra a pobreza e corrupção política neste país, dividido e crispado desde a guerra que sofreu há 20 anos.
Durante os protestos ocorreram violentos enfrentamentos com a polícia, ataques a edifícios governamentais, destruições e saques de lojas e outras infraestruturas.
Os protestos começaram na quarta-feira passada em Tuzla pelo fechamento de várias fábricas industriais após sua privatização, e se estenderam hoje a outras cidades.
O ministro do Interior bósnio, Fahrudin Radoncic, foi taxativo hoje ao qualificar os protestos como “um tsunami dos cidadãos roubados” contra a corrupção.
“A privatização saqueadora foi horrível. E ainda pior é que temos um sistema policial no qual, de fato, os primeiros-ministros locais ordenam que espanquem seu povo”, declarou Radoncic.
Segundo os acordos de paz de 1995, a Bósnia-Herzegovina está composta por uma federação muçulmano-croata e uma república sérvia, e tem, além disso, instituições de poder comuns.
O ente muçulmano-croata, que leva anos imerso em um clima de instabilidade política e econômica, tem uma estrutura complicada por estar dividido em dez cantões, cada um com seu próprio governo e Parlamento. EFE
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