Presidente coreana eleva a “assassinato” erros da tripulação do Sewol

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2014 10h24
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Atahualpa Amerise.

Seul, 21 abr (EFE).- A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, acusou nesta nesta segunda-feira de “assassinato” o capitão do Sewol, balsa com mais de 300 mortos e desaparecidos, depois que a transcrição do diálogo entre o navio e a torre de controle revelou caos e graves erros nos momentos mais decisivos.

“A conduta do capitão e alguns membros da tripulação é incompreensível a partir do bom senso” e “uma espécie de assassinato que não pode nem deve ser tolerado”, afirmou a presidente sul-coreana durante uma reunião com altos oficiais do governo.

Enquanto isso, continuaram os trabalhos de resgate dentro da embarcação e os mergulhadores conseguiram tirar mais seis corpos, o que elevou o número de falecidos para 65 e o número de desaparecidos ficou em 237.

As duras acusações da presidente se produziram em um momento em que o governo se encontra no ponto de mira dos familiares das vítimas, que acusam ao executivo de Park de não esforçar o suficiente no resgate, tomar decisões errôneas e proporcionar informação incorreta.

Em todo caso, a transcrição do diálogo entre a cabina da balsa e a torre de controle nos 40 primeiros minutos do afundamento revelou erros e contratempos que poderiam ter impedido salvar muitas mais vidas das 174 contabilizadas.

A tripulação enviou às 08h55 da quarta-feira (20h55 de terça-feira em Brasília) uma primeira emissão radiofônica à torre de controle de seu destino, a ilha de Jeju, para advertir que o barco estava “se inclinando” minutos depois de ouvir um forte estrondo na nave.

A cabine recebeu várias ordens para retirar as pessoas, mas não chegou a dar a ordem, segundo reconheceu o próprio capitão, por medo de que os passageiros fossem arrastados pelas fortes ondas e correntes marinhas.

As dúvidas de Lee se somaram à um defeito dos megafones que impedia a comunicação com a passagem e a incapacidade da tripulação para desdobrar os botes salva-vidas, segundo revela a transcrição.

As comunicações entre o navio Sewol e a torre de controle pararam às 09h38, um minuto depois que o capitão confirmou que deu finalmente a ordem de evacuação – ordem que chegou tarde demais e só permitiu uma minoria dos passageiros deixarem a embarcação.

Nesse momento, o capitão do barco o abandonou e foi um dos primeiros resgatados, fato que levou a sua detenção na sexta-feira junto com outros dois tripulantes sob a acusação de negligenciar a segurança dos passageiros.

A essas primeiras três detenções se somaram hoje outros quatro – dois primeiros oficiais, um segundo e um maquinista naval – também acusados de violar as leis relativas à ajuda e resgate no mar, segundo a procuradoria.

Enquanto isso, a rede de TV sul-coreana “KBS” relatou hoje o testemunho da esposa do capitão titular do Sewol, de férias no momento do fato, que assegurou que seu marido mantinha “sérias preocupações” com a segurança do barco após ser submetido a uma remodelação há cerca de dois anos.

A empresa operadora da embarcação, Cheonghaejin Marine, que será investigada a fundo na apuração de responsabilidades de um dos piores acidentes na história da Coreia do Sul, anunciou a suspensão das três rotas que opera atualmente com base no porto de Incheon, a oeste de Seul.

Quanto aos trabalhos de resgate, esperavam-se mais progressos dos alcançados hoje, quando o tempo foi relativamente bom, as ondas se suavizaram e as correntes marinhas perderam intensidade.

Um alto funcionário do Ministério de Segurança e Administração Pública sul-coreano renunciou hoje após revoltar os familiares das vítimas ao tentar tirar uma foto coletiva no ginásio onde eles se reúnem enquanto esperam com angústia notícias de seus entes queridos.

Dos 477 passageiros do Sewol, 325 eram estudantes de 16 e 17 anos de um mesmo colégio, cujos corpos permanecem em sua maioria dentro da embarcação submergida cinco dias depois do acidente e já sem chances de encontrar sobreviventes. EFE

aaf/tr

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