Presidente da Abecásia destitui governo por exigência da oposição

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2014 15h54

Moscou, 27 mai (EFE).- O presidente da Abecásia, Aleksandr Ankvab, destituiu nesta terça-feira o governo e o procurador-geral da república separatista georgiana após um grande protesto da oposição que exigia reformas e sua própria renúncia.

“Ankvab (…) aceitou durante a negociação (com uma delegação da oposição) destituir o governo, o procurador-geral e os chefes de duas províncias da república, mas a oposição lhe exigiu mais: a destituição do chefe do Estado”, anunciou o secretário do Conselho de Segurança da Abecásia, Nugzar Ashuba.

Pouco antes, dezenas de opositores entraram na administração presidencial após quebrar portas e janelas do prédio.

“Estamos tomando todas as medidas possíveis para resolver a situação pela via pacífica”, afirmou Ashuba à agência russa “Interfax”.

Por sua vez, Raúl Khadjimba, um dos líderes da oposição, insistiu que os opositores não sairão das imediações do edifício da prefeitura “até que se assine” a demissão de Ankvab.

Milhares de pessoas haviam se concentrado pouco antes no centro de Sukhumi, a capital da região, para exigir que o presidente saísse perante a multidão e atendesse suas reivindicações de reformas políticas e de luta contra a corrupção.

Um grupo de manifestantes foi então às sedes do governo e a presidência, onde finalmente aconteceu o assalto.

Um dos líderes opositores, o poeta Vladimir Zantária, opinou que o protesto não tem nada a ver com o conflito entre a Abecásia e a Geórgia, em absoluto com o papel que a vizinha Rússia desempenhou, que reconheceu há seis anos a independência da república separatista.

“Tentamos pôr ordem em nossa casa, mas quero ressaltar que as relações entre a Abecásia e a Rússia são sagradas para nós. Culpamos as atuais autoridades da Abecásia de uma integração insuficiente com a Rússia”, ressaltou Zantária.

Por sua vez, o deputado opositor abecásio Ajra Bzhania explicou o descontentamento popular pela “crise no sistema de governo” e a “reiterada rejeição a empreender as reformas prometidas”.

A Abecásia “não pode seguir a maré e se apoiar exclusivamente nas ajudas da Federação Russa”, disse.

“É um caminho para lugar nenhum. Nos transformamos em um mantido irresponsável, que nem sequer pensa em como ganhar a vida. Nosso objetivo é explicar isso ao presidente e ao governo (…) e, se não o entenderem, pedir a outra gente que ocupe seus postos para tomar decisões responsáveis a fim de desenvolver o Estado”, ressaltou Bzhania.

A Abecásia e a também separatista Ossétia do Sul se declararam independentes da Geórgia em 2008 após a guerra russo-georgiana pelo controle da Ossétia.

Rússia, Venezuela, Nicarágua e o pequeno Estado insulano de Nauru são os únicos países que reconhecem a independência da Abecásia e da Ossétia do Sul, em cujos territórios Moscou instalou bases militares. EFE

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