Presidente da Colômbia faz reunião para avaliar negociações com Farc

  • Por Agencia EFE
  • 03/01/2015 15h29

Bogotá, 3 jan (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, se reuniu neste sábado com assessores de paz e analistas internacionais em Cartagena para avaliar o processo de negociações que mantém há dois anos com as Farc.

Esses encontros, definidos pela presidência como “retiros espirituais”, ocorrerão até segunda-feira a portas fechadas na Casa de Hóspedes Ilustres da ilha de Manzanillo.

Fontes oficiais explicaram que o objetivo é analisar os avanços conseguidos até o momento na negociação com a guerrilha e definir como encarar o que falta para assinar a tão esperada paz.

Até o momento, o governo de Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) conseguiram pré-acordos nos três primeiros pontos dos cinco que compõem a agenda de negociação.

Tratam-se de entendimentos sobre propriedade da terra, participação política e drogas ilícitas. Atualmente é debatido o quarto ponto, que aborda o reconhecimento e reparação das quase 7 milhões de vítimas causadas pelos 50 anos de conflito armado.

Como encarar a reta final deste processo é a pergunta que será feita pelo especialista em negociação da Universidade de Harvard (EUA) William Uri e pelo ex-guerrilheiro da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador Joaquín Villalobos, entre outros analistas.

Também participarão do encontro o ex-chefe de Gabinete britânico Jonathan Powell, responsável pelo acordo de paz na Irlanda do Norte, e o ex-chanceler israelense Shlomo Ben-Ami, autor dos acordos de Camp David entre Israel e Palestina.

Entre as autoridades colombianas estãp o chefe negociador do governo, Humberto de la Calle, o comissário de paz, Sergio Jaramillo, e os generais reformados Jorge Mora e Óscar Naranjo, entre outros.

O processo de paz, iniciado em Havana no dia 19 de novembro de 2012, conseguiu desde então abordar mais de 70% da agenda, mas com diversos altos e baixos que puseram em risco as conversas.

O último e maior obstáculo aconteceu dois dias antes do segundo aniversário dos diálogos, em 17 de novembro, quando Santos suspendeu as negociações como consequência do sequestro, um dia antes, do general Rubén Darío Alzate, o militar de maior categoria já capturado pelas Farc.

O incidente terminou com a libertação do general em 30 de novembro e os diálogos foram retomados.

Pouco mais de duas semanas após a tensão houve o anúncio das Farc de um cessar-fogo unilateral e indefinido que começou em 20 de dezembro e que o grupo armado espera que resulte um armistício entre as partes.

A esperança gerou controvérsia no país e o repúdio do governo, que já reiterou que manterá suas atividades contra a guerrilha para garantir a segurança da população. O grupo afirmou que, caso seja atacado pela polícia, a trégua unilateral será suspensa.

Espera-se que o processo de paz, paralisado desde 17 de dezembro por causa do Natal, seja retomado em meados de janeiro para finalizar o quarto ponto e abrir o quinto e último, que se refere à desmobilização e a entrega de armas por parte da guerrilha. EFE

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