Presidente da Colômbia quer segundo mandato para “terminar a tarefa”

  • Por Agencia EFE
  • 23/05/2014 19h34
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Jaime Ortega Carrascal.

Bogotá, 23 mai (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, tentará conseguir nas eleições do próximo dia 25 um segundo mandato para “terminar a tarefa” que iniciou há quatro anos, focada na busca da paz e o desenvolvimento do país.

Santos é o porta-bandeira da coalizão União Nacional, formada pelo Partido do U, o Liberal e o Mudança Radical, com o apoio informal de um setor do Partido Conservador.

Mas o presidente, que liderou as pesquisas durante praticamente toda a campanha, sofreu um declive nas últimas semanas e, a poucos dias das eleições de 25 de maio, registra em intenções de voto um empate técnico com seu principal rival, o uribista Oscar Ivan Zuluaga.

Pela paz, Santos apostou tudo nas negociações que abriu com as Farc em Havana em novembro de 2012, e também nesta campanha, na qual se apresenta como o “capitão do navio” da reconciliação e sugere que não é bom mudar o timoneiro no meio da travessia e menos quando se começa “a sentir cheiro de terra”.

Ele destaca os três acordos já alcançados com as Farc em Cuba sobre terras e desenvolvimento rural, participação política dos guerrilheiros desmobilizados e drogas ilícitas.

No entanto, Santos não viu tudo a seu favor, e o mesmo empenho na paz que pode lhe render votos de setores de esquerda pode lhe custar o apoio da direita liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe.

Os uribistas consideram que Santos, ministro da Defesa no governo de seu antecessor, passou de “falcão” a “pomba”, e o apresentam como brando e complacente com a guerrilha que negocia em Cuba, uma mensagem que pegou em parte do eleitorado.

Santos também tem bons resultados para mostrar: a economia se expandiu 4,3% no ano passado e pode crescer dois pontos adicionais se a paz for selada, e a inflação em 2013 foi de 1,94%, a mais baixa da América Latina.

Em seus quase quatro anos de gestão, 2,5 milhões de pessoas saíram da pobreza, e 1,3 milhão superaram a pobreza extrema, enquanto o desemprego está abaixo de 10% com a promessa de redução para 7,5% em um segundo mandato.

No plano internacional, ele recompôs as relações com Venezuela e Equador, que havia recebido em ruínas do governo anterior, aliviando as tensões.

“O balanço tão positivo de Santos é contundente, por isso merece um segundo tempo”, disse o presidente do Senado, Juan Fernando Cristo, seu aliado incondicional.

Esses resultados o credenciariam a uma reeleição sem sobressaltos, mas a realidade é que, a poucos dias do pleito, Zuluaga, candidato de Uribe, o ultrapassou nas pesquisas.

A explicação está, segundo analistas políticos, no manejo do tema da paz e na incapacidade do governo para mostrar à opinião pública suas conquistas de governo.

“O presidente se equivocou e não tem alternativa. Deveria ter pressionado as Farc para resolver o tema da paz o mais rápido possível e deveria ter se preocupado mais em apresentar sua obra de governo, especialmente no plano social”, disse à Agência Efe o analista político Fernando Giraldo, professor da Universidade Javeriana, de Bogotá.

Como político e jogador de pôquer, Santos tem fama de homem que sabe escolher as cartas, mas nos últimos meses cometeu erros de cálculo tanto no governo como na campanha.

O maior deles talvez tenha sido subestimar uma greve do setor agropecuário que, entre agosto e setembro do ano passado, paralisou metade do país e que o presidente minimizou em seus começos.

“A tal greve nacional agrária não existe”, disse Santos na ocasião, o que deu margem para que os trabalhadores rurais radicalizassem os protestos.

Essa má administração do tema causou um enorme dano à sua popularidade, e ele ainda paga as consequências daquele protesto, que se repetiu não só por parte dos camponeses, mas de outros setores ao alegar que o governo não cumpre o que promete.

Nas eleições de 2010, Santos teve como companheiro de chapa o ex-sindicalista Angelino Garzón, que o ajudou com muitos votos, e para a reeleição escolheu Germán Vargas Lleras, um político de berço como ele e pertencente, também como o presidente, a uma das famílias mais influentes da Colômbia. EFE

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