Presidente da Colômbia se cala enquanto sociedade pede libertação de general

  • Por Agencia EFE
  • 18/11/2014 21h58
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Bogotá, 18 nov (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, manteve silêncio nesta terça-feira sobre a suspensão dos diálogos de paz em um dia marcado pelo apelo de diversos setores da sociedade pela libertação do general Rubén Darío Alzate, sequestrado no domingo pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Mais de 24 horas depois que Santos decretasse a suspensão dos diálogos de paz, Alzate, junto com o cabo Jorge Rodríguez e a advogada Gloria Urrego, continuam sendo procurados por cerca de 500 militares na remota região do departamento de Chocó na qual foram sequestrados, afirmou o Ministério da Defesa.

As Farc confirmaram hoje por meio de um comunicado do Bloco Ivan Ríos que mantêm como reféns o general Alzate, o cabo Rodríguez e a advogada Urrego, após o que ninguém do governo fez declarações a respeito.

Depois do terremoto político de ontem, Santos optou por guardar um silêncio que foi preenchido pelo apelo unânime pela libertação do general e seus acompanhantes emitido por setores da sociedade colombiana.

Na esfera política, as comissões de Paz do Senado e da Câmara dos Representantes, que englobam legisladores de todas as tendências políticas, divulgaram uma declaração de quatro pontos na qual pedem “a imediata liberdade do general Alzate, dos outros militares retidos tanto no Chocó como em Arauca, e dos civis sequestrados”.

Ao general e seus dois acompanhantes se soma o sequestro na semana passada no departamento de Arauca, fronteiriço com a Venezuela, dos soldados César Rivera Capela e Jonathan Andrés Díaz Franco.

Sobre a libertação se pronunciou também o prefeito de Bogotá, o esquerdista Gustavo Petro, que assegurou em um discurso que “a coragem não está em manter o general preso, coragem é libertá-lo”, em clara alusão às Farc.

Os empresários colombianos, por sua parte, falaram através do Conselho Gremial, que agrupa as 21 patronais mais poderosas do país, para afirmar que respaldam as medidas do governo para conseguir a libertação de Alzate e seus acompanhantes.

Seu pedido também foi extensivo aos dois soldados sequestrados em Arauca e a “todos os colombianos privados de sua liberdade nas montanhas da Colômbia”.

Dentro das quase sete milhões de vítimas do meio século de conflito armado no país, o coletivo que agrupa os afetados pelo Estado, chamado Movice, se focou na operação para resgatar o general, que segundo sua opinião deve estar dirigida por uma comissão humanitária do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a igreja e organizações da sociedade civil.

Ao debate também uniu-se hoje a ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, que esteve sequestrada entre 2002 e 2008 pelas Farc nas selvas do sul, e que falou de Londres, onde vive atualmente.

Betancourt destacou que antes de tudo Alzate é “uma vítima” e desejou seu breve retorno para que ofereça uma explicação do ocorrido, pois no momento de sua captura vestia roupas civis e carecia de escolta, algo que levanta cada vez mais suspeitas na Colômbia.

Enquanto esse momento não chega, o procurador-geral Eduardo Montealegre abriu uma investigação para esclarecer as circunstâncias do sequestro do general e seus acompanhantes, que provocaram a maior crise desde o início do processo de paz, que amanhã completa dois anos. EFE

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