Presidente das Filipinas ordenou assassinatos quando prefeito, diz testemunha

  • Por Estadão Conteúdo
  • 15/09/2016 09h09
RIT11 DAVAO (FILIPINAS) 16/05/2016.- El presidente electo de Filipinas, Rodrigo Duterte, ofrece una rueda de prensa antes de su reunión con simpatizantes en Davao (Filipinas) hoy, 16 de mayo de 2016. El presidente electo de Filipinas, Rodrigo Duterte, afirmó que quiere volver a implantar la pena de muerte en el país, abolida en 2006 por la expresidenta Gloria Macapagal Arroyo, informan hoy los medios locales. Duterte, que será investido el próximo 30 de junio, quiere imponer la pena capital sobre personas que cometan crímenes relacionados con drogas ilegales, violaciones o robos de vehículos en los que el propietario sea asesinado. EFE/Ritchie B. Tongo EFE Rodrigo Duterte

Um ex-miliciano filipino, Edgar Matobato testemunhou, em uma audiência do Senado televisionada nesta quinta-feira, 15, durante a qual afirmou que o presidente Rodrigo Duterte ordenou que ele e outros membros de um suposto esquadrão da morte matassem centenas de criminosos, usuários de drogas e adversários políticos no período em que Duterte era prefeito.

– Matobato, de 57 anos, é o primeiro membro do chamado Esquadrão da Morte Davao a testemunhar abertamente. Ele descreveu uma série de homicídios, entre eles um no qual a vítima foi lançada aos crocodilos. Os crimes teriam sido cometidos enquanto os membros da quadrilha faziam parte da folha de pagamentos da prefeitura de Davao.

A testemunha falou no comitê do Senado liderado por Leila de Lima, que realiza audiências para investigar as mortes extrajudiciais como parte da guerra declarada de Duterte contra as drogas. A polícia disse que 3.140 pessoas foram mortas até agora pela polícia e por outras forças, durante aquela campanha. Outras 16 mil pessoas foram presas.

“Nós fomos encarregados de matar criminosos como narcotraficantes, estupradores e ladrões. Nós matamos esse tipos todo dia”, relatou Matobato, em Tagalog, nesta quinta-feira. Ele disse que havia sido recrutado, em 1988, para se unir a uma equipe de sete pessoas inicialmente chamada “Lambada Boys” e que cinco anos depois o grupo se expandiu para incluir policiais e ex-insurgentes. Ele não disse quão grande o grupo se tornou, mas confirmou que está envolvido na morte de cerca de mil pessoas, das quais 50 ele admitiu ter matado pessoalmente.

Matobato disse que trabalhou para Duterte durante 24 anos, recebendo pagamento regular da prefeitura. Senadores revisam a folha de pagamentos de Davao para determinar se Matobato de fato recebia da administração pública.

Duterte ainda não comentou o depoimento, mas já negou anteriormente qualquer envolvimento com o Esquadrão da Morte de Davao. Em um comentário na televisão na cidade de Davao, Duterte chegou a dizer: “Eu sou o esquadrão da morte? Sim, isso é verdade”, porém depois afirmou que apenas buscava desafiar os críticos para que o levassem à justiça.

Matobato também disse que participou no sequestro e no homicídio em 2010 de partidários do rival político do presidente, Prospero Nograles.

Porta-voz do presidente, Martin Andanar disse a repórteres nesta quinta-feira não acreditar que Duterte “seja capaz de dar essas ordens”. Andanar também afirmou que a Comissão de Direitos Humanos não comprovou a existência do Esquadrão da Morte Davao. O esquadrão foi identificado em 2009, em uma investigação da organização não governamental Human Rights Watch (HRW).

De Lima disse a repórteres que Duterte tem imunidade presidencial e pode não ser processado até que deixe o posto em junho de 2022. Um senador presente na audiência, Panfilo Lacson, questionou a credibilidade de Matobato.

Os aliados políticos de Duterte têm uma ampla maioria no Congresso que poderia facilmente bloquear eventuais esforços de retirá-lo da presidência. 

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