Presidente de Burkina Fasso afirma que volta a liderar governo de transição
Ouagadogou, 23 set (EFE).- O presidente de Burkina Fasso, Michel Kafando, que foi retido por militares que deram um golpe de Estado contra o governo do país na semana passada, garantiu nesta quarta-feira que ocupa de novo seu cargo visando a transição.
“A transição está de volta e retomo neste mesmo momento o exercício do poder do Estado”, declarou Kafando em um ato em memória das vítimas dos protestos ocorridos nestes dias no país contra o golpe proclamado na quinta-feira.
Kafando confirmava assim, pouco antes do ato solene de sua restituição no poder, que “com liberdade de movimento”, retomava suas funções “em virtude da legitimidade nacional”.
O presidente celebrou o “clamor nacional” e a “reprovação internacional” contra os golpistas e em apoio do Executivo eleito para dirigir a nação até as eleições, que inicialmente estavam previstas para 11 de outubro.
“O governo de transição que elegeram livremente e no qual depositaram confiança continua sendo o único que encarna a vontade do povo”, disse o líder.
No entanto, Kafando chamou o povo burquinês a “seguir com a mobilização em torno da transição para continuar o que começamos, para voltar a encaminhar o processo eleitoral”.
O presidente também quis honrar “a memória daqueles que morreram pela defesa da pátria”, em referência às vítimas dos protestos contra os rebeldes, nos quais morreram pelo menos dez pessoas e cerca de 100 ficaram feridas.
Kafando será restituído hoje no poder em cerimônia à qual assistirá uma missão de presidentes da Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental (Cedeao), para garantir que o governo da transição é restaurado.
O anúncio da volta de Kafando ao poder ocorre horas depois que o Exército e os militares golpistas alcançaram um acordo pelo qual a guarda presidencial se confinará no quartel-general na capital e a segurança de seus soldados será garantida.
A Cedeao, que realizou ontem uma cúpula extraordinária em Abuja (Nigéria) sobre a crise, tentou encontrar uma solução de compromisso para devolver o poder às autoridades civis com tempo suficiente para realizar as eleições presidenciais com a data limite de 22 de novembro, um mês e meio mais tarde do que o previsto.
A anistia aos golpistas e a dissolução da guarda presidencial foram os principais pontos de desacordo nas negociações, já que as autoridades transitórias consideram que os militares rebeldes não devem sair impunes.
Kafando, após ser libertado pelos golpistas, se refugiou na segunda-feira na residência do embaixador da França, enquanto seu primeiro-ministro, Isaac Zida, voltou a seu cargo oficial na terça-feira, segundo anúncio dele mesmo.
O golpe de Estado, o sexto da história de Burkina Fasso desde sua independência em 1960, tentou sabotar a transição democrática neste país africano, que em novembro do ano passado motivou a queda do ex-presidente Blaise Compaoré após 27 anos de mandato. EFE
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