Presidente de Moçambique e ex-líder rebelde assinam a paz
Maputo, 5 set (EFE).- O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, e o ex-líder rebelde da Renamo, Afonso Dhlakama, assinaram nesta sexta-feira um acordo de paz que põe fim a dois anos de conflito no país.
A paz foi assinada em Maputo, onde Dhlakama foi recebido ontem por milhares de simpatizantes após ter passado dois anos refugiado nas florestas do Parque Natural de Gorongosa.
O pacto entre a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e o ex-grupo guerrilheiro e principal partido opositor, a Renamo, (Resistência Nacional de Moçambique), foi alcançada após um ano e meio de negociações e ratifica a paz estabelecida em 25 de agosto.
O documento assinado hoje por Gubuza e Dhlakama, dois históricos inimigos, confirma o fim das hostilidades e prevê a integração de ex-combatentes da Renamo no exército e uma distribuição mais equitativa das riquezas naturais da ex-colônia portuguesa.
A Renamo também pede uma reforma eleitoral antes das eleições de outubro, sob o argumento de que no passado houve manipulação a favor da Frelimo.
Dhlakama perdeu todas as eleições presidenciais desde 1994 e a Renamo, o principal partido da oposição, com 52 dos 250 cadeiras do parlamento nacional, lutará para manter o poder.
O governo de Moçambique, por sua parte, exigiu a desmilitarização do grupo armado.
O presidente moçambicano se mostrou esperançoso pelo acordo: “Até nos momentos de mais desespero, nosso povo soube esperar pacientemente este dia, consciente de que a solução se encontraria no diálogo e de acordo com nossa Constituição”.
Dhlakama reivindicou, por sua parte, “o compromisso sincero das forças políticas moçambicanas para consolidar um modelo democrático”.
“Temos que terminar com o ocorrido nas duas últimas décadas em Moçambique. Quando a paz parecia já instalada e a democracia firmemente instituída, assistimos a uma sistemática concentração de poder em um punhado de privilegiados e o empobrecimento do resto da população”, lamentou o ex-líder rebelde.
A Renamo acusava a Frelimo, que governou Moçambique desde sua independência de Portugal, em 1975, de monopolizar o poder político e econômico do país e de se apoderar de suas riquezas e recursos naturais.
O diálogo entre o Executivo e a Renamo permanecia estagnado desde o início de 2013, o que levou o ex-grupo guerrilheiro a boicotar as eleições municipais de novembro do ano passado.
Os dois antigos inimigos da guerra civil tinham pegado em armas novamente e provocaram contínuos ataques na província de Sofala, que neste ano deixaram dezenas de mortos e feridos e milhares de deslocados no centro do país.
Um dos momentos de maior tensão ocorreu 21 de outubro, após o ataque do exército à base da Renamo em Gorongosa , onde Dhlakama se encontrava refugiado há um ano por questões de segurança.
O ataque provocou a imediata ruptura por parte da Renamo dos acordos de paz assinados em Roma em 1992 por ambos os adversários para pôr fim à guerra civil.
Moçambique é uma das economias africanas que mais cresceu nos últimos anos em função da descoberta em seu subsolo de imensas reservas de gás e pela exploração de minérios e petróleo.
Apesar disso, Moçambique é um dos três países com maior índice de pobreza do mundo. EFE
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