Presidente deposto da Ucrânia compara autoridades do país aos nazistas
Moscou, 12 mai (EFE).- O presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovich, disse nesta segunda-feira que o governo de Kiev ultrapassou os limites ao combater a população russófona das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk e comparou as autoridade do país à Alemanha nazista.
“A Ucrânia começa a lembrar a Alemanha de Hitler”, que considerou “os intelectuais críticos, os judeus e os ciganos como inimigos do povo e jogou sobre eles todos os males da sociedade alemã”, disse.
“Na época na Alemanha se perseguia os que pensavam diferente, e agora na Ucrânia cidades inteiras são sitiadas só porque o povo defende seu ponto de vista, que é diferente do regime governante”, afirmou.
“Retirem imediatamente os mercenários e as tropas de Donetsk, Lugansk e outras regiões. Parem com a violência e o terror contra seu próprio povo. O que fazem com o país é visto todos os dias pelos cidadãos, o limite já foi ultrapassado”, afirmou Yanukovich para as autoridades ucranianas em um comunicado divulgado pela imprensa russa.
O ex-presidente justificou os resultados dos referendos separatistas realizados ontem nas duas regiões, que demonstraram, segundo os líderes rebeldes, o desejo da maioria de se tornar independente da Ucrânia, pela “saturação do povo”.
“Por que a maioria absoluta dos habitantes de Donbass (bacia carbonífera) foram ao referendo para dar seu voto para qualquer forma de Estado que não seja uma que permite chamar seus cidadãos de terroristas e matá-los impunemente? Porque o limite da paciência do povo ucraniano já se esgotou”, disse Yanukovich.
O ex-líder, que fugiu para a Rússia em fevereiro após ser derrubado pela Rada Suprema (parlamento) da Ucrânia, exigiu o fim da operação militar lançada por Kiev contra as regiões rebeldes.
“Peço que parem. Todo o mundo viu quanta gente foi ao referendo. E não podem ignorar seus resultados. Nem vocês, nem a Europa nem outros países podem deixar de reconhecer que não há terroristas (no sudeste da Ucrânia) e que fazem uma guerra contra o próprio povo”, afirmou.
“Posso reconhecer agora alguns erros estratégicos meus, mas estou profundamente convencido de que o poder, a carreira ou o êxito financeiro não valem nem uma só vida humana. E a sanguinária junta (como os ativistas pró-Rússia chamam o governo de Kiev) já matou mais de 300 cidadãos pacíficos”, acrescentou. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.