Presidente diz que próximo governo deve responder a todos os cidadãos

  • Por Agencia EFE
  • 22/03/2015 11h30
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Jerusalém, 22 mar (EFE).- O presidente do Estado de Israel, Reuven Rivlin, iniciou na manhã deste domingo as consultas com os partidos com representação parlamentar, prévias à formação do governo, e disse que o próximo executivo deve responder a todos os cidadãos.

“O governo que será estabelecido foi eleito pela maioria dos cidadãos de Israel, mas deverá responder a todos os cidadãos israelense: judeus, árabes, esquerda e direita”, afirmou ao abrir os contatos hoje com representantes do partido conservador Likud.

“Na democracia é a maioria que decide, e a maioria expressou seu desejo de maneira clara nestas eleições”, se referiu em alusão aos 30 deputados obtidos pelo Likud, seis a mais que a segunda plataforma em disputa, a União Sionista, liderada pelo trabalhista Isaac Herzog.

O chefe do Estado, que recebe hoje em seu escritório representantes das formações políticas eleitas, voltou a evidenciar seu vontade conciliadora, como foi visto em sua visita em novembro passado à população árabe de Kafr Qasim para lembrar a morte em 1956 de 49 civis pelas mãos da polícia de fronteiras israelense.

“Atravessamos uma tormentosa e apaixonada campanha eleitoral e agora é hora de começar o processo de curar e fundir a sociedade israelense”, assinalou Rivlin.

Sem mencioná-lo diretamente, o líder fez referência às duras palavras do primeiro-ministro e dirigente do Likud, Benjamin Netanyahu, no mesmo dia das eleições, quando advertiu em um vídeo divulgado pela internet que “os árabes iam votar em massa em ônibus pagos pela esquerda”.

Esses comentários foram duramente criticados tanto pelo dirigente trabalhista Herzog, como pela Lista Comum, terceira força na próxima legislatura e que aglutina pela primeira vez na história moderna de Israel as formações árabes.

Herzog assegurou que as palavras de Netanyahu “humilharam 20% dos cidadãos israelenses”, unicamente para conseguir mais votos e acrescentou que “a primeira ação do (primeiro-ministro) deveria ser a de reparar essa via, e a severa fissura que provocou”.

“Deve fazer todo o possível para transformar os cidadãos árabes-israelenses em cidadãos com os mesmos direitos” que o resto, disse o dirigente do União Sionista.

Por sua vez, um deputado da Lista Comum pediu ontem ao primeiro-ministro que se desculpasse pelas declarações ofensivas vertidas sobre a comunidade árabe na jornada eleitoral.

Youssef Jabareen, deputado e advogado especialista em direitos das minorias, falou na primeira reunião realizada após as legislativas de terça-feira pelo Alto Comitê Árabe de Acompanhamento, onde criticou duramente a Netanyahu pelos comentários proferidos.

“O primeiro-ministro apresenta o voto de cidadãos que já sofrem discriminação como se tratasse de uma fonte que provoca temor e preocupação. Em um país normal um primeiro-ministro encorajaria todos os cidadãos a ir a votar”, lamentou.

“Alguém poderia imaginar um dirigente europeu advertindo em um vídeo sua preocupação pelo alto índice de eleitores entre os judeus do país? Esse político não duraria nem uma hora no cargo, e com razão. No entanto, em Israel parece que tudo vale e não há limites ao discurso racista”, abundou Jabareen. EFE

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