Presidente do BID diz que falta à América Latina um “Neymar da tecnologia”
Elvira Palomo.
Washington, 2 dez (EFE).- Faz falta à América Latina ter um “Neymar da tecnologia, afirmou nesta terça-feira o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, que pediu aos países da região para dar mais visibilidade à inovação por terem empreendedores capazes de atuar nos grandes mercados.
Moreno inaugurou nesta terça-feira em Washington a segunda edição do fórum “Demand Solutions”, criado pelo BID com a inovação como eixo central. O evento reúne os principais pensadores da América Latina, que mostram suas ideias para solucionar problemas de desenvolvimento na região e no mundo.
Nos últimos 20 anos, a América Latina, uma região dinâmica, alcançou uma estabilidade financeira que permitiu o surgimento de uma geração de jovens empreendedores. No entanto, ainda é preciso esforço para que as iniciativas se multipliquem e se consolidem no futuro.
“Infelizmente tempos pouca inovação”, disse Moreno, destacando que a região registra apenas 1.400 novas patentes por ano.
Se comparado a países como a Coreia do Sul, que tem apenas 10% da população latino-americana, o número de patentes registradas é 20 vezes menor.
“É o grande paradoxo que temos na América Latina: nos falta o Neymar da tecnologia ou o James Rodríguez da informática. Precisamos incentivar os empreendedores”, declarou Moreno em entrevista à Agência Efe.
O presidente do BID destacou o talento de 16 jovens de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela selecionados entre os mais de 500 inscritos para apresentar seus projetos no fórum.
“Da mesma forma que, como países, adoramos e promovemos esses ídolos do futebol, deveríamos fazer o mesmo com os empreendedores”, apontou.
Entre as propostas mostradas em Washington está a do brasileiro Ronaldo Freitas, que junto com sua equipe desenvolveu o “Hand Talk”, um programa de tradução automática à linguagem de sinais de deficientes auditivos.
De acordo com Moreno, o BID visa com seus projetos que iniciativas como essas sirvam de inspiração para as novas gerações. Os próprios empreendedores têm que se ajudar, pondo em evidência o ecossistema no qual operam: desde a qualidade das universidades ao acesso a financiamentos para desenvolver suas ideias.
Na opinião do presidente do BID, a educação é o grande assunto pendente na América Latina. Ele destacou que, nos testes internacionais, os países da região estão abaixo do desempenho obtido por vários outros da Ásia ou do norte da Europa, como Finlândia, Coreia do Sul, Cingapura e China.
Além disso, poucas mulheres latino-americanas procuram cursos nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, algo que deve ser trabalhado na região.
“Na medida em que são poucas (nesses cursos), menos vão terminar se tornando empreendedoras. As mulheres empreendedoras estão mais dispostas a correr riscos do que os homens”, explicou Moreno.
Entre os trabalhos selecionados pelo BID em Washington também há projetos femininos. A brasileira Amanda Rahra criou a “Enois Inteligência Jovem”, a primeira plataforma online para ensinar jornalismo a jovens de baixa renda, que já chega a 40 mil inscritos.
Já a colombiana Carolina Medina criou o “Sokotext”, um grupo virtual de compra que permite a pequenos comerciantes de periferias acesso a preços atacadistas, beneficiando também os consumidores.
O “Demand Solutions” é uma plataforma de apresentação dos projetos, captação de possíveis investidores e de intercâmbio de ideias com outros jovens da região pessoalmente ou por meio das redes sociais.
“Queremos acelerar esses projetos de inovação”, afirmou Moreno, destacando também os benefícios das novas tecnologias quando usadas na administração pública, já que podem facilitar a prestação de serviços pelo estado. EFE
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