Presidente do Iêmen renunciou após pressão dos houthis, afirma conselheiro
Sana, 22 jan (EFE).- O presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi, renunciou ao cargo nesta quinta-feira após pressão dos rebeldes do movimento xiita dos houthis, que ameaçaram atacá-lo caso ele não elegesse hoje um vice-presidente, disse à Agência Efe o conselheiro presidencial, Sultan al Atuani.
Segundo o assessor, Hadi deixou o posto porque ele se considera “incapaz de controlar os eventos que ocorrem no Iêmen, depois de ontem acertar com os rebeldes um acordo que foi descumprido”.
Al Atuani afirmou que o Ansar Alá (Seguidores de Alá), como também é conhecido o movimento dos houthis, “está tomando decisões fora da lei”, e exigindo “condições inaceitáveis” para atender a “objetivos pessoais”.
Hadi se comprometeu ontem a permitir uma maior participação do movimento xiita no governo, mas, segundo Al Atuani, o grupo radical fez outros pedidos, considerados como “ilegítimos”.
Além disso, os houthis concordaram em libertar o chefe do escritório presidencial, Ahmed Awab Mubarak, sequestrado no último sábado, e sair de edifícios ocupados nos últimos três dias.
No entanto, o conselheiro presidencial negou que o grupo tenha cumprido o pacto, destacando que “continuou pressionando e exigindo a emissão de decretos presidenciais”, como a eleição de um vice-presidente houthi, cargo inexistente no Iêmen.
Por outro lado, um membro da executiva do Ansar Alá, Fadl al Mutaa, explicou à Efe que o presidente deveria emitir uma série de decretos para a aplicação do que foi acordado em outras negociações, realizadas ainda no ano passado, e as de ontem.
Al Mutaa negou a pressão dos houthis sobre o presidente, garantindo que eles só queriam “protegê-lo”. Mas insistiu que a publicação dos decretos é um “processo natural”.
Sobre Al Atuani, lamentou que, sendo um dos signatários do pacto, não tenha contribuído para que ele fosse colocado em prática.
O presidente iemenita e o primeiro-ministro, Khaled Bahah, renunciaram hoje frente à crise que vive o país.
Os combatentes xiitas assumiram o controle nos últimos meses de sete províncias do Iêmen, incluída a capital, onde a tensão cresceu nesta semana após ataques às sedes presidenciais. EFE
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